sábado, 14 de abril de 2007

Para fazer um poema ruim

Tenho ganas de gritar pelas terraças
Quebrar os telhados a passos largos e pulos de criança
Profanar aos gritos e interromper
as bocas, os cuspes, as trepadas
as noites de Cabíria.

Aquele Tadzio é um filho da puta
alucinação muda
miragem
que chuta na boca do estômago
quem já cansou de viver

Ou ainda
Oxalá branco e lindo
que leva pelas mãos
e sopra no rosto
prá sarar a dor

Quero ser a Deneuve Buñueliana
Paulo Autran com a bandeira preta
mas não ao mesmo tempo
pra não encavalar as estrófes

No fim quem se importa
se tem duas, três, quatro, cinco
seis, sete, mil
ou nenhuma linha

Agora Philip Glass me faz chorar prá dentro
mas eu amanheci pra fora
e não tem volta

3 comentários:

descompassada disse...

paul henry amanhece pra fora e paula dume pra dentro. polarizações, uma constante em egos e alter-egos. um poema que joga flores e desaforos.

Anônimo disse...

Minha cara,

Não existe poema ruim.
A poesia é a mais profunda representação da alma. Então, fique sussa - suas palavras fazerm parte de teu repertório interno e isso é muito legal!

Beijos :)

Anônimo disse...

o que se faz quando se acorda para dentro e para fora ao mesmo tempo?