quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

31 de dezembro de 2008

Ainda não disseram coisa melhor que a Rita Lee, aniversariante do dia, sobre 31 de dezembro. "Os últimos serão os primeiros".

[Feliz ano novo! Que possamos nos abraçar com sinceridade em 2009!]

domingo, 21 de dezembro de 2008

Imprensa marrom & o rock da Madonna

Veri: Tô lendo seu texto sobre o show da Madonna.
Renata: Ah é? E aí?
Veri: Engraçado que ela beija quem ela quer e ninguém fica questionando se ela é bissexual. Nessas horas até a imprensa marrom respeita!
Renata: E ainda por cima, pegou Jesus!
Veri: Néam?
Renata: Hahahahahahahahah!

5 minutos depois...

Veri: É, pensando bem, ela tinha essa veia roqueira no começo da carreira.
Renata: Ah, mas isso porque o visual dos anos 80 era aquela mistura bagaceira dela no próprio clipe de Borderline.
Veri: Pode crer. Rock mesmo, de verdade, devia ser apanhar do Sean Penn!
Renata: Hahahahahahahahahahaha!

O código oculto da parafernália

Não rolou "bunda suja". Em 120 minutos, Madonna pulou corda, fez pole dancing, conversou com a galera, beijou a bailarina na boca [tivemos a impressão de que dessa vez foi mais "nasty": sabe como é, país tropical...], destilou um repertório de antigos hits com novíssima roupagem e de novas músicas que todo mundo já sabia de cor, rodeada por uma baita produção. Desafinou um pouco, é verdade, mas ninguém estava preocupado com isso. Até aí, nenhuma surpresa: tudo dentro dos conformes técnicos obsessivos da Sticky & Sweet Tour. Só não dava pra escapar da atração arrebatadora que aquele corpinho extremamente definido exalava de qualquer ponto do palco.

Sábado, 20 de dezembro, foi dia de lavar a alma com capas de chuva vagabundas. Especialmente se você desse a sorte de passar o tempo inteiro com a tchurma mais engraçada do mundo para assistir shows. Ou pelo menos a um show da Madonna. A começar pelos cinco [belos] cavalheiros [gays] dispostos a levantar mocinhas pequenas para ver a tal da mulher de 50 anos que se contorcia e quase virava cambalhotas na pontinha do palco, lá do outro lado.

Deve haver algum desastre químico na minha cabeça gorda, mas vou dizer que o mais importante de tudo foi avistar Madonna no centro da parafernália, tocando a velha Borderline meio desajeitada, com uma guitarrona em punhos. [Breve pausa para sorrir]. É mais ou menos como encontrar um código oculto & gracioso no meio desse gigantesco emaranhado pop, e depois guardar no bolso um pedaço embrionário da teia a que pertencemos desde os primeiros ídolos que imitamos quando crianças, e que nunca deixamos para trás [porque nunca tivemos coragem para isso].

sábado, 20 de dezembro de 2008

Enquirer-escória

Recebi hoje um pacote de revistas gringas. Sempre peço aos meus amigos que vivem fora do país para que me enviem umas revistas de vez em quando. Como estou de folga até o começo do ano, resolvi tirar a leitura da miséria. Não sei bem se consegui...

8 DE DEZEMBRO DE 2008 - DESTAQUES DE CAPA DA REVISTA [AMERICANA] NATIONAL ENQUIRER:

1) Michael J. Fox entra em colapso - veja fotos exclusivas [do astro agonizando com Mal de Parkinson].
2) Médica do E.R. está grávida.
3)Leia aqui sobre as discussões e os gritos entre Sarah Palin e John McCain, que deixaram a governadora do Alasca aos prantos.
4)Um novo bebê para Michelle & Barack [Exclusivo: Michelle dividiu o quarto com uma lésbica por dois anos na faculdade! A roomate, no entanto, afirma que a futura primeira-dama e ela nunca foram muito íntimas].
5) O DRAMA DA TENTATIVA DE SUICÍDIO DE OPRAH [Família conta tudo em novo livro: a batalha contra o peso e as drogas, a grande mentira sobre o relacionamento dela com Stedman].

E você achava que só a imprensa brasileira era suja e sensacionalista?

domingo, 14 de dezembro de 2008

E aí, bunda suja?

Madonna no Brasil, até que enfim! Alguém aí lembra do Melô da Bunda Suja? Aconteceu em 1993.

A história é a seguinte: a Rainha veio cantar no Morumbi e depois no Maracanã. Em São Paulo, ficou hospedada no antigo Caesar Park da Rua Augusta, lado centro [aos não paulistanos, saibam que o endereço há tempos é ponto de prostitutas, sendo que nos arredores ficam baladas gays, inferninhos e lugares para gente "descolada"; mas nos anos 90 tinha mais prostitutas mesmo]. Rapidamente, o lugar foi tomado por uma multidão de fãs assustadoramente enlouquecidos.

Eu tinha 9 anos e me lembro bem da imagem de um peludão vestido com botas e uma sunga de couro [numa viagem meio Mapplethorpe/meio aquele documentário Sex da própria Madonna], que subiu nos ombros de uma segunda pessoa e começou a esfregar suas partes íntimas diante do hotel, e das câmeras de TV. Mulheres mostravam os peitos e berravam sem parar. Uma patota de drag queens encabulava a polícia. A própria Madonna depois revelou ter ficado tão apavorada que nem conseguiu dormir com aquela balbúrdia debaixo da janela.

Durante a passagem de som no estádio [coisa que até hoje, meticulosamente, ela faz antes de cada show] o protocolo foi quebrado e os portões foram abertos aos fãs que já estavam acampados [and horny] por lá. Glória Maria & seu respectivo cinegrafista da Globo acabaram conseguindo entrar com uma câmera escondida.

Foi ali que a tal da megastar, aos 35 anos, um metro e sessenta de altura e cabelinho oxigenado modelo "touca de natação", pediu aos fãs que ensinassem a ela alguns palavrões em português para que pudesse compor uma musiquinha e cantar mais tarde. Foi aí que surgiu a pérola, uma de nossas piadas internas mais queridas, cuja letra consistia na repetição dos belíssimos versos "Oi galera! Oi Brasil! E aí, bunda suja? Como vai? Que gostoso! Muy gostoso!". [Se alguém encontrar o vídeo na íntegra, avise a tia por favor. O vídeo abaixo tem um trechinho].

Peraí, peraí. A história é muito da bonitinha. Mas preciso dizer também que há controvérsias sobre a autoria do "bunda suja". Na época circulou a versão de que o autor da proeza foi na verdade um bailarino ou coreógrafo [xarope] que participava da The Girlie Show. Será que a donna Madonna topa fazer um tira-teima?

Em tempo: estou tentando convencer meus amigos [também histéricos] a protelarem um pouco nossa chegada ao estádio, no próximo dia 20, sob pena de ficarmos surdos ou no mínimo estressados com animosidade de plantão. Na televisão tudo isso é engraçado. Mas na pista do estádio, debaixo do sol a pino [ou de chuva], com a garrafa d´água custando 6 Reais, acho que não vai ser tão bacana o esforço. Ou vai? Ajudaí, tia Madonna!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Pollock´s dream is also mine (and yours, now)


Jackson Pollock
"She-Wolf", 1943
41 X 67
Collection: MOMA, NYC

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ok, rapaz, você tem uma voz enorme!

Sorrisinho diante do novo. O novo-velho, ainda revigorante. Deve ser porque a década de 80 não tem nada de perdida. Madame Satã, Rose Bom Bom, a vanguarda do Lira Paulistana, camisetas dos Smiths [pro pessoal do rock inglês], e vá lá, a ascenção do rock nacional... tudo é lindo demais. E além do mais, eu estava lá. O único porém é que em vez disso tudo eu estava ouvindo Trem da Alegria.Eu e toda a turminha banguela do Jardim Escola Raio de Sol.

Talvez tenha sido culpa da distância geracional. Coisas de Saturno, Netuno, Plutão & as efermérides. Se bem que eu nunca liguei muito pra isso. Mas o fato é que tanto as forças óbvias quanto as ocultas andaram me pressionando a ouvir com mais cuidado o pessoal da Lira, a começar por Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e especialmente o Grupo Rumo.

Os vídeos selecionados abaixo fazem parte de um DVD do Rumo gravado ao vivo no SESC Pompéia em 2004. Foi naquele mês de junho que um amigo, hoje casado e mudado, me convidou para assistir ao tal show de Luiz Tatit, Ná Ozzetti & companhia, mas eu não fui.

[E desculpaí pessoal do Rio, do Circo Voador ou coisa que o valha, mas aqui falamos especificamente sobre a paulicéia desvairada].

Enterrando a cabeça de bagre em algum lugar, estou gostando muito desse resgate. E seja lá qual for o efeito posterior disso, tem aí um tipo de irreverência tão tipicamente paulistana e intrínseca, que torna a identificação imediata. Também tem um tipo de sentimento bitter-sweet-sour, às vezes. A voz de Ná é, como sempre, refinadíssima no seu hesitar milimétrico. [E eu gosto de seguir os olhos de quem canta com eles abertos].

- Delírio, Meu!

- Está faltando alguma coisa.

- Essa é pra acabar

domingo, 7 de dezembro de 2008

100 + voices

A Rolling Stone americana publicou a lista dos 100 cantores mais importantes da era do rock. Isso significa que devemos pensar "os" e "as" maiores desde a segunda metade da década de 1950, certo?

A missão difícil ficou por conta de críticos, produtores musicais e grandes astros do rock n´roll ainda em atividade. Sobre Bono, Billie Joe [do Green Day] começa assim: "A voz dele é 50% Guinness, 10% nicotina, e o resto é religiosidade".

Patrick Stump, do Fall Out Boy, resume Michael Jackson: "Um dos elementos chave do estilo dele é o uso da voz como instrumento musical". E completa: "Diante de alguém tão grande, é comum perdermos a noção do quão vanguardista e revolucionário essa pessoa é, mas Michael Jackson definitivamente ultrapassou todas as fronteiras do R&B". Verdade, Patrick. O negro leve da foto abaixo era realmente "o cara".



Há controvérsias na listinha. Entre os homens, Steven Tyler, Morrissey e Joe Cocker também ficaram lá pra trás. O barítono elegante e inconfundível de Dave Gahan nem sequer entrou na dança. Não sei dizer se a qualidade de Chris Robinson, do Black Crowes, foi corretamente deixada de lado porque, afinal de contas, os pais espirituais do moço [nitidamente teletransportado dos anos 70], estão por ali. Segundo meu amigo Daniel Faria, faltou Michael Stipe.

Entre as mulheres, a desmerecida presença de uma Christina Aguilera acaba deixando de fora a inegável relevância de Chrissie Hynde, principalmente se o critério for a influência nas novas queridinhas, como Lilly Allen. Deixar uma Annie Lenox pro rabo da lista é descosiderar não somente um primoroso e único vocal, mas o peso geracional por trás disso. A força e a sigularidade de uma Sinéad O´Connor nem ao menos é citada. Onde estarão kd lang e Beth Gibbons? Ofuscadas pela gritaria over de Mariah Carrey?

O que eu vou deixar aqui é a minha listinha dos 10+, só pra variar. Como sempre, o critério é o desbunde, a permanência no dial, a admiração pessoal, e claro, uma consideração pela técnica [ou o total despojo da falta dela]. Vamos tratar também de reparar algumas injusticinhas, embora seja meio impossível escapar do clichê na categoria testosterona.

LITTLE GIRL´S ROOM

1) Janis Joplin
2) Nina Simone
3) Tina Turner
4) Aretha Franklin
5) Sinéad O´Connor
6) Beth Gibbons
7) Chrissie Hynde
8) Patti Smith
9) kd lang
10) Siouxsie Sioux [outra que ficou de fora]
Bonus choice: 11) Björk


LITTLE BOY´S ROOM

1) Freddie Mercury
2) Robert Plant
3) Mick Jagger
4) Marvin Gaye
5) Michael Jackson
6) Stevie Wonder
7) Jim Morrison
8) David Bowie
9) Bono
10) Jeff Buckley/Thom Yorke [serei obrigada a dividir a posição entre os dois]
Bonus choice: 11) Dave Gahan

Nacionalistas, não se preocupem: ano que vem, provavelmente, a Rolling Stone brasileira dará suas cartas na lista tupiniquim. Quando isso acontecer, a gente comenta por aqui, com uma porção de tremosos & umas cervejinhas.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Necessito ver-te

Sigo pelos cantos dos olhos até o traço na testa. Da linha dos dentes à cor da gengiva, observo o gracejo hipnótico da língua. Da largura dos ossos à farta massa corpórea, percorro tua pele ibérica de península. Reparo em ti no piscar das luzes, pelas frestas & beiradas do tempo, nas pausas do respiro nessa mágica incessante dos nossos encontros circulares: sempre necessito ver-te.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Rapid state of mind

We are so friendly
Li no [ótimo] site Diversidade Global, da amiga Liliane Rocha: o negó$$io [sic] agora é ser gay friendly. Isso porque o Governo do Estado de São Paulo acaba de lançar o Selo Paulista da Diversidade, que premiará as instituições que incorporarem essas práticas. O selo, é claro, visa "agregar valor" às marcas cidadãs. Uau! Quer dizer então que respeitar o próximo virou rentável? Adote já um colega gay e comprove!

Medalha, medalha,medalha!
Escuta aqui, seu José Serra: cadê o meu selo de "garota sustentável"? Cadê a minha fitinha, estrelinha, selinho ou bandeirinha do valor agregado? Eu sou uma moça bacana, reciclo lixo, ando de metrô, crio cachorros, vivencio a diversidade e faço doações às vítimas de Santa Catarina. Também quero ser rentável!

Olhos de ressaca
Impressão minha ou transformaram o Bentinho machadiano num purgantezinho-retardado-afetado? Dêem uma olhada nas vinhetas e nos capítulos da tal da Capitu, nova minissérie da Globo e façam um tira-teima.

O sapo Liu-Liu
Mallu Magalhães, a nossa mais nova "grande artista", "mulher do ano" e "garota do Fanatástico" [sic], gravou um LivroClip sobre Hilda Hilst, numa iniciativa que visa aproximar a leitura do universo dos adolescentes brasileiros. Minha pergunta vai para o Marcelo Camelo: será que a Mallu sabe da história do sapinho que queria tomar sol no cu?