terça-feira, 26 de maio de 2009

Dez canções para amanhecer bem

1) Rod Stewart - "Maggie May"
2) Queen - "In The Lap Of The Gods"
3) Eurythmics - "It´s Alright (Baby Is Coming Back)"
4) Roxy Music - "More Than This"
5) kd lang - "Constant Craving"
6) Smith - "Baby It´s You" [pra pensar na exposição do Mapplethorpe]
7) Red Hot Chilli Peppers - "Soul To Squeeze"
8) Midnight Oil - "Outbreak of Love"
9) INXS - "This Time"
10) Natalie Merchant - "Carnival"

Deixe você também seu top 10. Enquanto isso eu mando mais 10 pra versão final de semana, enquanto todo mundo se toca do quanto sou velha:

11) U2 - "A Sort of Homecoming"
12) Porno For Pyros - "Pets"
13) Suede - "Beautiful Ones"
14) Love and Rockets - "So Alive"
15) YES - "Long Distance Runaround"
16) Ron Wood & Mick Jagger - "I Can Feel The Fire"
17) Prince & The Revolution - "Take Me With U"
18) Duran Duran - "Skin Trade"
19) Tears For Fears - "Head Over Hills"
20) Happy Mondays - "Kinky Afro" [ok, essa era mais pra curar a ressaca da segunda, mas beleza...]





segunda-feira, 25 de maio de 2009

Intregración latinoamericana

Belas notícias apontam pelas bordas de cá e de lá. No que depender de Rodrigo Maceira e Juan Trasmonte, nosso continente vai virar uma imensa pangéia outra vez. O primeiro é paulistano, publicitário, e habitual garimpeiro da música independente latino-americana. O segundo é um carioca torto, nascido em Buenos Aires que, entre outras coisas já produziu um documentário sobre o samba. São dois agitadores culturais de fina estirpe que promovem, cada um à sua maneira, uma espécie de intercâmbio entre vizinhos que mal se conhecem.

À frente do selo multicultural Si no Puedo Bailar No Es Mi Revolución, pelo qual lançou em dois anos duas coletâneas com novas bandas independentes de toda a América Latina, Maceira está lançando a revista colaborativa Cuadernos Cecilia. Por enquanto, é apenas virtual, mas pelo capricho nas fotos e desenho gráfico, merece edição impressa. São várias as referências literárias, algo de cinema e muita música, tudo isso entre crônicas e entrevistas num tom bastante "pessoal". Há textos em português e espanhol. Clique lá e deguste com seus próprios olhos.

Trasmonte, por sua vez, anda vibrando de felicidade pelas ondas do rádio. Ele é produtor e programador musical do Club Brasil, programa de 120 minutos que vai ao ar pela FM Blue, todo sábado, às 20 horas. É a primeira vez que uma grande rádio argentina abre espaço exclusivo à música do nosso país varonil. Pelo gosto do Juan, percebe-se que a coisa é boa. Quem quiser dar uma olhada com os ouvidos pode ouvir o programa em tempo real pelo site da rádio, basta clicar aqui. E se não gostar, vá catar coquinhos com o Caetano Veloso [ok, o Juan adora!].

sábado, 23 de maio de 2009

Quatro perguntas que não calam

1) Who want some beer?

2) Who cares about Caetano? Talvez a cacetada de gente assistindo repetidas vezes ao seu tombo no Youtube possa responder à minha pergunta. O Brasil é, de fato, um país que precisa de Caetanos, e precisa que Caetanos elogiem Sandys, e precisa que Marisas Orths endeusem Caetanos - que são geniais e "necessários" até quando levam tombos e fazem pseudo-poesia ou pseudo-rock n´roll com uma banda de barbudos posers quarenta anos mais novos. Quanta coragem! Quanta renovação para a música brasileira! Quanta audácia batizar um disco de "Cê" e o outro de "Zii e Zie"! Enquanto a humanidade pensa sobre isso, vou até ali bocejar um pouco e já volto.

3) Who the hell needs to stay the whole day long writting bullshit, following bullshit, and reading bullshit at Twitter?


4) Esse item existe porque, como afirmei no título, eram quatro as perguntas que não calam. Vou ali tentar parar de fumar de novo (tive uma recaída) e estrear o meu sofá novo. Mas não vou estar twittando porra nenhuma.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Éramos cúmplices

Foi uma manhã difícil de um dia atípico aquela, em março de 2005. Acordei cedo, num impulso automático, pois não conseguia pensar há vários meses desde que um aspirador de pó fora ligado próximo aos meus ouvidos e passado a sugar todas as minhas vontades. Caminhei opaca e nula pelas ruas do bairro chique, comprimentei porteiro, faxineira e outros irmãos invisíveis, entrei no elevador e subi. Era um emprego ruim. Ganhava-se mal, fingia-se mal, levava-se coices de cavalos & burros 8 horas por dia. Mas só até aquele dia. O último. O dia em que pedi licença, e depois outra licença, e depois mais uma, até que, num sentido figurado, obrei no meu pinico cor-de-rosa em cima da mesa da sala de reuniões. Caguei. Caguei pra vocês. Tchau.

Meu coração havia voltado a bater. Meus olhos voltaram a piscar, e então comprei umas meias coloridas na liquidação da loja, um misto-quente com coca-cola no bar da esquina, observei umas mulheres com sardas -- eu acho bonito ter sardas -- e senti que os dedos do homem do caixa tocaram os meus por mais de dois segundo ao pagar a conta; por isso mirei seus olhos enquanto entregava-lhe as cédulas sujas, e depois continuei a caminhar. Pisava em nuvens calçando tênis velhos. Imaginei canções. E imaginei canções tão alto que comecei a cantá-las baixo, para não espantar as pessoas no ponto de ônibus. Eu já estava apaixonada por você e havia adquirido o hábito de observar as placas dos dos ônibus para saber se passavam pela sua casa. Eu gostaria muito de ter ido à sua casa.

Não sei o porquê, mas desisti dos ônibus. Lembrei de quando cabulava aulas e dormia com a cabeça batendo nas janelas embaçadas até os pontos-finais, passando por baixo das catracas pra poder gastar o dinheiro da passagem em misto-quente e coca-cola. Lembrei também que nunca havia pisado em sua casa e que não pegaria bem simplesmente tocar a campainha e dizer: "Oi, tudo bem? Eu estava passando por aqui e resolvi te procurar porque é fim de verão. Queria te contar o que aconteceu. E também quero te abraçar. Acho que nunca quis tanto uma coisa na vida". Entrava em euforia cruzando avenidas, sentia carros e pedestres passarem como flashes -- os cachorros vagabundos até pareciam bem nutridos -- e, respirando 60 vezes por minuto, decidi então adentrar a galeria.

Era Mapplethorpe. Entre nós, não havia cores, mas também não havia ninguém. Havia um auto-retrato de um homem de olhos verdes [os falos e flores eu vi depois]. Havia Iggy Pop estrábico. Schwarzenegger de olhos tímidos. Havia Nova York num buraco negro irresistível. Havia também umas putas feias que eram plasticamente incríveis. Havia uma mulher que parecia Caroline Herrera, e era Carolina Herrera. Em Nova York não havia sol. Nem fim de verão. Nem letreiros de ônibus e abraços imaginários. Só Philip Glass & Robert Wilson de pernas cruzadas. Patti Smith descabelada. Havia um rasgo punk na garganta [mas eu não podia gritar]. Havia fogo no gelo. Então, éramos cúmplices. Em Mapplethorpe havia paixão.

ROBERT MAPPLETHORPE
Quando:
dede ontem, até 20 de junho. ter. a sex., 10h às 19h; sáb., 10h às 17h
Onde: Galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/xx/11/ 3032-7066; classificação: livre)
Quanto: entrada franca

terça-feira, 12 de maio de 2009

You and I are gonna live forever

Nunca fui grande fã do Oasis. Mas lá pelos anos 1990, quando ainda passava por baixo da catraca do busão para economizar a grana da passagem e gastar em discos na Galeria do Rock, garanti minhas cópias dos dois primeiros discos da então "maior banda da Inglaterra - e do mundo": Definitely Maybe [1994] e What´s The Story? Morning Glory! [1996]. E não era só a NME que dizia - a MTV reforçava, e a capacidade encrenqueira dos irmãos Gallagher, por mais babaca que fosse, até fazia algum sentido numa década que quase morreu com o suicídio de Kurt Cobain. Ouvir Oasis era inevitável.

Inevitável também era cair na gargalhada quando Gustavo e Catharina cantavam "I don´t believe that anybody FILHOS DO REI ARTHUR about you now" com seus fones de ouvido compartilhados, na hora do recreio do Colégio Santana [fazia frio, e eles esticavam as mangas dos moletons para cobrir as mãos]. Mesmo que Wonderwall tenha caído no gosto das patricinhas da escola, das professoras de inglês do Fisk, e até da minha mãe, o mérito do segundo disco não se dissolve. Confesso, no entanto, que sempre gostei mais do primeiro. Acho mais rápido, mais direto, mais elétrico, mais honesto. Menos pose, mais ação. O Liam ainda tinha aquele arzinho inquisidor de candidadato a ícone que, em alguns momentos, lembrava grandes figuras do rock inglês.

Ficou fácil para quem quisesse se aventurar a medir a relevância do Oasis em 2009. Bastava sair às ruas de São Paulo na última noite de sábado [09], pegar um metrô, ou parar num semáforo qualquer do centro expandido: o show da banda só não passou despercebido para os taxistas que cobravam 50 Reais pela bandeirada, na saída do Anhembi. E mesmo que as demais 24.999 pessoas presentes não tenham percebido , a constatação é óbvia: o melhor dos irmãos Gallagher acabou na virada do século. Ou antes disso. A prova real pode ser tirada com os vídeos abaixo.

Podem dizer que o tal do Dig Out Your Soul [2008] é um bom disco. Pra mim, a coisa só foi boa até Be Here Now [1998]. De lá pra cá, é tudo burocrático. Não que o show tenha sido ruim - pelo contrário, foi competente - mas não teve magia, não teve brilho, não teve viço. Se não fosse pedir demais, era bom que ao invés de jogar garrafas plásticas no estrelinha dos vocais, alguém tivesse gritado: "Hey, Liam, mastiga uma pastilha Valda e volta aqui pra cantar direito!". Não fosse pelo novo baterista, um doido chamado Chris Sharrock - e vá lá, por umas três ou quatro boas aparições de Noel -, a apatia teria vencido o rock n´roll, assim como a esperança venceu o medo, como dizia o slogan do PT [sic].

Restam alguns bons momentos. Champagne Supernova ainda arrepia os pelinhos dos braços. Mas em geral, tudo parece mais lerdo ou erroneamente "psicodelizado" (yes, we love neologismos!). Faltaram bons hits, que sei lá... talvez tenham pra mim algum recorte de significado que não importa a mais ninguém. É o caso de Don´t Go Away. E também de Live Forever. De quando Liam & Noel se abraçavam vestindo camisas de futebol. Algo sincero. "Maybe you´re the same as me/We see things theyll never see/ You and I are gonna live forever".









segunda-feira, 11 de maio de 2009

Diálogo não!

Tô aqui apurando uma matéria que tá demorando um pouco pra andar, mas agora parece que vai. Parei para beber uma coca-cola e coçar a barriga da Galinha, e fui fuçar no blog do Ronaldo Bressane, onde encontrei outro bom exemplo daquilo que falei outro dia [que dia foi mesmo? procure aí embaixo...]. Sim, daquele troço de banalização da profissão, e especialmente dos jornais diários. Bom texto. Ótimo exemplo de como as coisas poderiam ser mais belas, bastando o mínimo de esforço e abertura. Para sacar o contexto e entender a brincadeirinha do título, basta clicar e ler aqui.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Dois diálogos da semana

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João Bidu

Fui tirar [tentar, actually] o gesso do meu pé. Na frente da clínica, a banca de jornal. Tão bela, tão irresistível! Passo ali um tempinho, enquanto pessoas entram e saem. Escolho então, a revista da Joyce Pascowitch, da qual todo mundo fala. E também uma Galileu. Resolvo puxar um papo com a jornaleira:

RD: Moça, me disseram que essa revista [da Joyce] é uma das mais bem feitas, bem acabadas. Verdade?
Jornaleira: Deve ser boa mesmo. Não vende nada! hahahahaahahahahah!
RD [meio sem graça]: Sério? [Procurando exemplos na banca] E a Revista da Semana, vende?
Jornaleira: Nada. Só duas ou três por semana. Tirando a Superinteressante, nenhuma revista dessas vende.
RD: Mas... mas... sei lá, e a Carta Capital, quanto vende? E as Vejas?
Jornaleira: O que vende, minha amiga, é revista de 1 Real. Revista de receita, de fofoca, de novela e de horóscopo. Hahahahahaha. Tirando isso, mais nada. Por que a curiosidade?
RD: Porque sou jornalista.
Jornaleira: Ah, entendi. Hahahahaha!
RD: (...)

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VIA MSN:

RD: Olha aí meu blog, lei antifumo.
[10 minuto depois...]
Luanna F.: Eu adoro o Serra.
RD: E eu vou matar você!
Luanna F.: Calma, darling, deixa eu explicar...

Você também está na mira

O governador José Serra tentou caminhar pelo centro de São Paulo na última Virada Cultural, mas tudo indica que não curtiu a "marolinha": deram de respingar vinho barato em cima dele. Mas que gente mal educada, não? Onde já se viu espirrar vinho Xapinha na camisa do governador? De acordo com reportagem publicada pela Folha de S. Paulo na última segunda-feira, o pretenso "next president of The United States of Brazil" manifestou "espanto com a quantidade de pessoas bebendo nas ruas". Seus fiéis escudeiros já defendem a coibição da venda de vinho nas próximas edições da Virada. E vamos botar fim nessa anarquia filha-da-mãe, sua manada de vaquinhas fumegantes!

Enquanto isso, em plena crise econômica mundial, a Lei Antifumo prevê fechar bares que desobedecerem a lei por até 1 mês. Será que o Serra vai proibir o fumo ao ar livre na próxima Virada Cultural? [Curiosidade: será que o Serra já fumou maconha?]. Sobre os exageros da lei, entre outras perguntas, o repórter da Folha indaga o secretário da saúde, José Roberto Barradas Barata:
A violência aumenta em todo o Estado, como mostraram estatísticas divulgadas na semana passada. Utilizar a polícia para tirar os fumantes de bares não é reduzir a força no combate ao crime?
Veja, eu não vou fazer nenhuma operação especial da polícia para combater o fumo. Vai acontecer... Por exemplo: há um desentendimento no trânsito. Um carro bateu no outro. Os dois descem e começam a discutir, começam a brigar. O que a gente faz? Chama a polícia. O melhor seria que não tivesse de chamar a polícia, porque ela deixa de ficar correndo atrás de bandido para vir separar briga de trânsito. Eu acho que a gente nem vai precisar chamar a polícia, mas, se precisar, vamos chamar como se chama para uma briga de marido e mulher, como briga de trânsito.

O dramaturgo não-fumante Mário Bortolotto afirmou em seu blog ter recebido ligação da Folha para dar sua opinião sobre a lei, que também proíbe atores de fumarem em cena. Ele também é contra a tonelada de proibições. Afinal, não interessa se Samuel Beckett, Nelson Rodrigues ou a minha avó escreveram peças em que os personagens fumam: esses personagens não vão mais fumar em São Paulo. Mesmo que Anton Tchecov tenha passado boa parte de seu tempo construindo personagens que fumam em distantes e frias cidades russas do século 19, em São Paulo, ninguém vai poder fumar no palco, nem que seja em russo. Por mímica, talvez - mas provavelmente teremos censores. Fumaça em São Paulo só se for de chaminé de fábrica, fogueira xamânica ou escapamento do busão.

E se você, caro cheirosinho anti-tabagista, ainda não teve as pernas cortadas pela moda pseudo-politicamente correta das proibições, acenda um cigarrinho, quer dizer, abra uma cervejinha que hoje é sexta. Mas seja feliz com moderação. Por enquanto temos muita fumaça de óleo diesel para respirar. E sua hora também vai chegar, afinal...

...você também está na mira.

[Desculpem, mas não deu pra não usar a foto clichê.]

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Bolañudas versus Fonsecudas

Mais uma que o Terra Magazine parece estar apurando com maior interesse. Ponto para o ilustre vizinho Bob Fernandes & equipe. Pois bem, parece que o motivo da saída de Rubem Fonseca da Cia. das Letras está em indefectíveis agulhadas do gênio chileno Roberto Bolaño [esse sim, con su cigarrillo, abajo, um dos preferidos dessa humilde tia que vos fala] a Fonseca em seu livro La Literatura Nazi En America, ainda não traduzido no país. Senhor Schwarcz desmente. O link aí do lado também comenta sobre as possíveis reservas ideológicas entre os dois vendendores de best-sellers. Para compreender melhor - já que eu não disse coisa com coisa - sobre a saída do escritor mineiro da gigantesca editora, clique aqui, de novo, no ótimo blog da Ana Paula Sousa [repito]. Pegue as pipocasm, enquanto eu vou ali dar uma lida no novo do Bernardo Carvalho, que não tem nada a ver com isso, a não ser por receber seus X% em Direitos Autorais da mesma empresa.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Gay Talese pills

Tudo o que penso sobre essa confusão entre mídias jornalísticas impressas e eletrônicas, a falta de aprofundamento, de credibilidade, a banalização do jornalismo e a desprofissionalização da classe foi dito pelo senhor Gay Talese em entrevista concedida à Sylvia Colombo para a Folha de S. Paulo [só para assinantes] e nestes vídeos postados no site do Estadão. Que atirem as primeiras pedras aqueles que elegerem guru melhor do que ele. E que engulam as mesmas pedras os reporterzinhos de narizinho empinadinho que não querem pensar na crise da categoria. A menos que seus pais os sustentem [o que é bem provável], todo mundo já tem motivos para se preocupar. Ou então, vamos viver de brisa. Bem, até que não seria má ideia...