terça-feira, 31 de março de 2009

Não sou você. Não sou você S/A.

Ligo para a assessoria de imprensa de uma grande multinacional. É a terceira vez em 3 dias. Tenho prazos. Tenho entrevistas para fazer, matérias para escrever, fotos para conseguir, e um editor que vai editar tudo isso depois. Ótimo. Explico para a amável assessora, pela terceira vez, os detalhes da pauta. Só me falta ela pedir a relação das perguntas em bloco, com réplicas, tréplicas, quádruplicas [sic]. Ela finge que analisa minuciosamente o que digo.[Quatro anos de faculdade pra quê, afinal?] Respondo a mais perguntas do que sou capaz de fazer - e eu é que sou a perguntadora aqui. E depois de tudo, ainda tenho que mandar um e-mail "formalizando esse pedido para avaliação do cliente" da assessora fofa.

"Peraí, minha nêga, o cliente é seu! Eu não sou balcão de negócios. E formalize você o meu pedido! Se vira, benzinho. E me traga uma Coca-Cola média sem gelo, faz favor", dá vontade de dizer. Se eu não tivesse clientes, acho até que falaria. Mas de minha parte, apenas acho que está na hora de fundar uma assessoria fast-food: tudo muito rápido, prático, com direito a fotinho do funcionário do mês e tudo mais. Comeremos carne sintética do mesmo jeito, apenas seremos mais felizes. Valerá a pena, enfim.

Voltando à formalização, seria mais fácil preencher um formulário. "Brasileira, solteira, branca, 25 anos, 1, 62 m. Ex-fumante. Alérgica a Binotal. Sangue O +. Plano de saúde Unimed, com direito a apartamento. Não como frango". Mas tudo bem, eu mando o e-mail. Me pedem para informar com quais outras fontes estou apurando. Me pedem para informar qual é o posicionamento do veículo em que trabalho - se faz parte da reestruturação do grupo tal ou não, quantas matérias publicamos por dia, e quando publicaremos a fatídica reportagem. Ela quer que eu mande a matéria pronta, se bem entendi. E só depois o super-medroso-cliente dela decidirá se quer falar comigo ou não. No fim das contas, terei 10 minutos para falar com um porta-voz Robocop, mais treinado que um cão farejador do FBI. Eu bem que tentei, mas não consegui me livrar do corporativês. E já diria o Professor Raimundo: "E o salário, ó!". Mas será mesmo que eu sou quem mais perde com isso?

Seu Francisco

Enquanto isso, no MSN, mulheres discutem sobre suas respectivas TPMs.

RD: Ó, vou ali comprar um absorvente e já volto. Tô com uma puta cólica, mal consigo me concentrar no trabalho.
RS [cinco minutos depois]: Que merda! São dias imprestáveis!
RD: O que, quais dias? Ah, os dias do Seu Francisco?
RS: Isso mesmo. Uma merda de semana. Para nós e para a raça humana toda. Por isso que a gente se sente um lixo, porque a gente contamina todo o planeta com essa sujeira! Aí, já viu: vai pro shopping, gasta tudo o que tem com futilidade e depois se entope de doce. Fora a sensação da melancia se contorcendo dentro do seu útero.
RD: É mesmo, a melancia. Mas pode ser uma jaca, maybe. Pelo menos não é um bebê! Quer dizer, eu quero ter bebês um dia... mas por enquanto a jaca é suficiente.
RS: Falou tudo. Na verdade tudo isso é apenas o seu organismo que está respondendo: "Vai, infeliz! Não procriou, agora sofre!"
RD: Hahahahahahahaah! Ai, credo!

domingo, 22 de março de 2009

Impagável

Impagável 1
Ter uma avó italiana que passa sua festa de aniversário toda pressionado você a alimentar seus convidados com lanchinhos de presunto e queijo. Não basta colocar nos pratinhos e avisar que tem comida na mesa. Você precisa passar pelos cômodos da casa oferecendo...

Impagável 2
Seu pai contando piadas em voz alta e fazendo gestos para todos os seus amigos do sexo masculino; por sua vez, eles riem como crianças. Um palmeirense, dois sãopaulinos e um cidadão do Piauí. Do Piauí! Enquanto isso, as moças fazem fofoca, tomam cerveja e comem coxinhas com peso na consciência por engordar.

Impagável 3
Coisas do jornalismo. Por exemplo, levar uma lapada por telefone de um operador de turismo na China. Tudo por causa de um restaurante "revolucionário" em Pequim. Dá vontade de dizer, "moço, mas eu sou foca, eu apenas obedeço ordens!; nós não queremos denegrir seu país, acho que o senhor não entendeu", mas minha voz de mulher capitalista inquisidora não permite.

Não tem preço
Seu irmão - na dele, jogando sinuca - fazendo sucesso com a mulherada toda na sua segunda festa de aniversário, no fundo de um karaokê japonês.

Não tem preço (espero que não tenha mesmo)
Seu celular some misteriosamente e nunca mais aparece, no meio da festa. Não tem problema. Tenho certeza que vou comprar outro aparelho igual ou superior. Já o (a) energúmeno(a) que se apropriou dele não terá a mesma sorte: vai perder coisas muito mais importantes na vida. Anyway, dignidade ele(a) já não tinha mesmo...

Muito bom, mesmo!
Rever amigos que só se vê uma vez por ano, por conta de todos os caminhos tortuosos que a gente pega nessa vida... e perceber que as pessoas mudam, as metas até mudam, mas as boas índoles continuam as mesmas.

segunda-feira, 16 de março de 2009

25, up!

É isso aí, 25. Oh yeah!

domingo, 15 de março de 2009

El Rito

Soy un profanador
Estoy desafiando al tiempo
Ya ves mi transgresion
Es procurar tenerte
El cielo entiende que mi obsecion
Esta llegando a un limite
Y el desierto al menos soy
No parece no parece tan....

Sueles encontrarme en cualquier lugar
Y ya lo sabes nada es casualidad
Tu misteriosa forma me lastimara
Pero a cada segundo estare mas cerca, mas mas

Paralizandome jamas podre esperarte
Y no tengo que esperar en un altar de sacrificio
Solo meterme en tu ritual y descifrar tu enigma
Tal vez no hablarme mas
El silencio no es tiempo perdido

Sueles encontrarme en cualquier lugar
Y ya lo sabes nada es casualidad
Tu misteriosa forma me lastimara
Pero a cada segundo estare mas cerca, mas mas

Desafiando al rito
Destruyendo mitos

Sueles encontrarme en cualquier lugar
Y ya lo sabes nada es casualidad
Tu misteriosa forma me lastimara
Pero a cada segundo estare mas cerca, mas cerca tuyo


Desafiando al rito
Destruyendo mitos

Desafiando al rito
Destruyendo mitos

Soda Stereo (Gustavo Cerati), Buenos Aires - 1986

sábado, 14 de março de 2009

Pataquadas da semana

Caretice paulistana, tosqueira brasileira
No país das bundas, da Globeleza, e da imbecil da Viviane Araújo posando nua pela nona vez [o povo da mão peluda anda mesmo com um mau gosto do inferno], a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo mobilizou policiais para impedir que os participantes da Pedalada Pelada ficassem efetivamente pelados na Avenida Paulista. De sunguinhas e biquininhos mais caretas que o da moçada nas praias, 150 pessoas fizeram um passeiozinho básico, além de protestos que não serão ouvidos, of course. Em outras partes do mundo não teve polícia que segurasse os naked bikers vestidos. Em Londres, todo mundo mostrou as bundinhas. Aliás, achei as bundinhas deles mais bonitinhas que as brasileirinhas padrão. Reparem no "Lu Patinador", logo abaixo...

Cidade da cultura [hein, onde?]
"Votou no PT, tomou no IPTU", dizia uma enorme pichação num viaduto da Av. 23 de maio, até poucos anos atrás, não sei se contra Luiza Erundina ou Marta Suplicy. Afinal, sendo mulher, já tem motivo pra xingar, não é minha gente cabeça dura? Tirando as últimas eleições para a prefeitura, fazia tempo que eu não votava no antigo Partido dos Trabalhadores [atual Partido do s Banqueiros], e não pretendo fazê-lo tão cedo. Mas acabo de encontrar mais um motivo pra jogar algumas coisas na cara dos meus colegas traidores de Geraldo Alckmin, os neo-malufistas-kassabistas. A bombinha está relacionada à famosa arte de varrer a sujeira para baixo do tapete.

Recebi por e-mail a notícia de que "Gilberto Kassab fez o Projeto de Lei 671/07 que altera substancialmente o atual Plano Diretor Estratégico (PDE) do Município de São Paulo, sem a participação da comunidade, e exclui integralmente os capítulos sobre Políticas de Turismo; Desenvolvimento Humano e Qualidade de Vida; Trabalho, Emprego e Renda; Educação; Saúde; Assistência Social; Cultura (ficando Patrimônio Histórico e Cultural); Esportes, Lazer e Recreação; Segurança Urbana; Abastecimento; Agricultura Urbana (do artigo 17 ao 53) entre outras alterações absurdas". Com isso, estarão excluídos os artigos que beneficiam movimentos e manifestações culturais que se situam à margem da indústria cultural e dos meios de comunicação; promoção do aperfeiçoamento e valorização dos profissionais da área da cultura; financiamento e fomento à cultura, entre outros assuntos relacionados.

Não li na imprensa. Acho que ninguém leu, por motivos óbvios. Tudo bem que meus coleguinhas "direita volver" não estejam mesmo muito preocupados com cinema e teatro, mas parece que meia dúzia de militantes foi gritar na porta da prefeitura dia desses. Não sei que fim teve a pataquada. Me avisem, por favor, quero saber. Mas antes de ser proibida de andar de bicicleta [ergométrica?] pelada dentro da minha própria casa, gostaria de sumir para um lugar onde eu ainda exista espaço público. Algum lugar que não tenha prefeito. Ou onde a prefeitura não acabe com o mínimo de barato que a gente tem.

Glauber 70

Grande alma bruta pisciana, para você, um grito. E nosso "muito obrigado".

domingo, 8 de março de 2009

Na iminência do salto

Frio na espinha.

Mas antes de tudo, escolher a estrada para correr e o porto final para atracar (o esboço da boca de espera já não sai da cabeça), depois aparecem as cidades sem nome e as terras fertilizadas pelo sangue carmim. No caminho há pôneis coloridos & cavalos-de-fogo, amoreiras falantes & pássaros de sol, feijões gordos, castelos cercados por jardins elétricos, uma espada na pedra, curandeiros, crianças mágicas, águas sulfurosas, parques de diversões, flores de miolo amarelo, ventos musicais movendo seres que se dedicam a girar sobre os próprios eixos, e ainda bacantes, baleias, fadas, falos; e com sorte, um bocado de amor. No fundo de um lago, está indicada a porta onde se esconde o Aleph. Bastará, no entanto, encontrar o cheiro que me hipnotize pelos próximos quartos de século.