segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Thunder & lighting

Vamos lá, não se trata de decepção. Afinal, a militância de Harvey Milk no bom filme de Gus Van Sant vem a calhar, assim como os discursos por igualdade de direitos na festa do Oscar [aliás, estamos aí para engrossar o coro, fellas]. Um novo prêmio para Sean Penn faz todo o sentido, pois trata-se de uma atuação excelente. Pra quê duvidar, então? Pois faço questão de frisar: excelente sim, mas não assombrosa.

Assombroso é o que fez Mickey Rourke na pele d´O Lutador num dos melhores filmes do ano. Assombroso, dolorido e fulminante como Randy "The Ram" Robinson. Pontos altos surpreendentes. Existe até uma ponta hilária no fundo do poço - e você que não deixe passar em branco a cena da conversa de bar entre Randy e Cassidy, a amiga stripper [Marisa Tomei em grande forma - física, inclusive]: "O rock no anos 80 era muito melhor! Guns N´Roses, Def Lepard... tinha que vir aquele Kurt Cobain para estragar tudo?". Minutos depois, diante da pequena-grande glória, as caixas do cinema explodem Sweet Child O´Mine. Axl Rose faz agora todo o sentido que ficou pra trás em 1989.

Fora das obrigações contratuais e das funções políticas mortas, eu prefiro a não separação entre criador e criataura, poesia e vida, empirismo e intelectualidade, Baco & Apolo, suor e desejo - e quero mais é que no estômago do personagem estejam as células, os erros, as mazelas e a volta por cima do ator. Não engulo desculpas esfarrapadas e prêmios de consolação. Mas não há problemas, senhores da lei, eu não preciso de vocês para entregar ao meu herói uma pequena flor: "If I can't have thunder and lighting then I won't have anything"(Mickey Rourke , Observer).

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Outras verdades sobre o novo do U2

"No Line on the Horizon é a terceira grande guinada da carreira da banda. Aqui, tentam superar a própria grandiosidade sonora e apostam em letras que buscam encerrar de modo poético a complexidade política e midiática destes tempos.
Com os integrantes beirando os 50 anos, o U2, ao contrário de muitos roqueiros veteranos, não se esforça para manter uma juventude artificial. Envelhece antenado à sua época". Sylvia Colombo, Folha de S. Paulo

"Dentro do time de produtores da banda, Brian Eno e Daniel Lanois foram as figuras-chave na composição e execução das canções, enquanto Steve Lillywhite direcionou a sonoridade para o consumo de massa. Por sinal, trata-se do mesmo time que produziu The Unforgettable Fire (1985) e Achtung Baby (1991). Assim como esses discos, No Line on the Horizon é também um belo, corajoso, e altamente especulativo redesenho da sonoridade do U2", Andrew Perry, Telegraph.

"Get On Your Boots soa aborrecidamente como o U2 imitando o Muse. O que não é necessariamente ruim, mas assim como no álbum Pop, parece que o U2 vira seguidor e não líder" Chris Jones, BBC.

"Talvez o erro do U2 em No Line On The Horizon esteja na escolha do primeiro single. Get On Your Boots não combina com a atitude de renovação ostentada pelo disco, permanecendo na cômoda sombra dos hits mais recentes e menos ousados da carreira da banda - como Vertigo e All Because Of You . Por sorte, há coisas muito melhores para se ouvir num disco de faixas poderosas e robustas como Magnificent e Fez- Being Born, essas sim, remetedoras à velha entrega, à religiosidade e ao fervor - às vezes transecental - dos melhores anos do U2". Renata D´Elia, Revista Paradoxo. [Sorriam para a foto, crianças!]

"Em No Line... há a combinação dos timbres de teclados de garagem, gordas distorções de guitarra, e a bateria de fanfarra de Larry Mullen Jr., esse último tão firme e afiado que é difícil de dizer o que ele mesmo está fazendo e o que é looping (isso foi um elogio). The Edge toca um dos poucos solos no final de Unknown Caller, numa reta e extenuada atuação que força as notas até o limite do agudo. White as Snow é quieta - guitarra, teclado, Bono e harmonias, como se fosse The Crystal Ship dos Doors misturada com uma balada Apalache". David Frike, Rolling Stone.

"Em entrevista ao jornal Boston Herald, em novembro, Lillywhite disse acreditar que o U2 estaria "reinventando o rock" mais uma vez. Há um pouco de exagero nessa afirmação, mas é evidente que a banda assume riscos para não dormir no banco de reserva. (...) Só o tempo necessário para assimilá-lo dirá se realmente o U2 acabou de reinventar o rock. Ou não". Lauro Lisboa Garcia, O Estado de S. Paulo.

"Cansado do Bono? Talvez. Cansado do U2? Ainda não". Charles Aaron, Spin.

"O que mais impressiona nesse follow-up de How to Dismantle an Atomic Bomb é a voz do Bono. Sempre soberano, até mesmo nas notas melodramáticas, ele grita, se entrega, se revira e se joga num terrítório mais cheio de alma, emoção e rock n´roll. Imagine tudo isso, ao vivo, num
estádio". Iain Shedden, The Australian


"Na faixa-título, que abre o CD, um refrão cantarolado faz do vocalista - como se fosse preciso - o ponto principal, numa típica faixa do U2. A mesma grandiosidade quase messiânica está em Magnificent, que inicia com efeitos típicos de produtores para logo receber a indefectível guitarra de The Edge. Remete a várias fases do U2 em uma só música, como o início de carreira em The Unforgettable Fire e a ligação com as raízes da música norte-americana de Where The Streets Have No Name --presente no disco The Joshua Tree, de 1987". Marcos Bragatto, UOL.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

U2 - "No Line On The Horizon"

É mais do que voar sonhando, sonhar nadando ou gozar dormindo; é como tocar o crepúsculo, arrebentar a bolha de muco, urrar pelos picos e libertar os punhos: eu atravesso agora a mesma película mágica dos nossos dias mais felizes, sou criança outra vez e nem desconfio. Existe algo de incrível quando os velhos segredos fazem sentido - a vida toda é caminhar por ciclos. And I´m no longer afraid of anything.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Inferno astral

Estômago fraco não é meu forte
Entre outras coisas, o inferno astral me deu uma bactéria no estômago, 15 dias de antibióticos, uma endoscopia, duas picadas no braço, quatro táxis e uma dor incessante por dentro das vísceras. O lado ruim é ficar de molho. O lado bom é fazer planos mirabolantes. O lado ruim é abstinência de coca-cola. O lado bom é que coca-cola dá celulite. O lado ruim é que eu ainda penso. O lado bom também.

Mas que Galinha!
Primeiro arranhou, depois descosturou, rasgou e ainda comeu. Ela carrega o pedaço de espuma na boca, como se fosse um osso a esconder, e assim atravessa a casa meio fugitiva, de olhar atento, imaginando que é melhor correr antes que eu desça as escadas e me dê conta do acontecido. Ela sempre tem razão. Antes que eu lhe desse uma merecida chinelada - com a mesma Havaiana que ela escondeu e roeu da outra vez - penso que se trata apenas de uma cadela velha, do alto de seus 12 anos de vida, e tropeço no prato de ração (sabor cereais) enquanto Galinha estraçalha os restos mortais do pé do sofá, depois engole.

E.T., telefone, minha casa
A conta de telefone da Mansão Figueiredo vencia no dia 1º de janeiro. Mamãe Figueiredo efetuou o pagamento num caixa eletrônico do Banco do Brasil, via código de barras, ainda no dia 30 de dezembro. 15 dias depois, a catarrenta Telefônica contata o mordomo da mansão e avisa que o pagamento em questão não foi detectado. Mamãe Figueiredo então, tenta resolver o mal entendido e fala com 15 atendentes e 15 gravações eletrônicas surdas & burras, e talvez até com a bicha Super 15, nos últimos 15 dias de janeiro, sob injusta ameaça de suspensão dos serviços. Decide então solicitar uma segunda via da conta de dezembro, enquanto paga a de janeiro. Depois procuraríamos um extorno, nem que fosse prlo Procon. Pagou uma taxa de 4 Reais.

E.T., Super 15, ainda mato esse filho da p...
Passados outros 15 dias, a segunda via ainda não chegou e parmanece em atraso. Mas que atraso, afinal de contas? Não fomos nós que atrasamos nada! E eles cortam a linha telefônica. Afinal, eles podem tudo! É então que mãe e filha passam 15 + 15 + 15 minutos cada uma, soletrando instruções para a secretária eletrônica surda & burra,até que conseguem, finalmente, escutar a (não menos burra) atendente que afirma que "senhora, sua linha telefônica será normalizada apenas temporariamente, por 48 horas, enquanto a senhora efetua o pagamento online ou imprime sua segunda via pelo site".

E.T., é a puta que te pariu, meu nome é Zé Pequeno, porra!
Não adianta dizer que eu já paguei 4 Reais há quase um mês por uma segunda via de conta que não veio e que ainda por cima já havia sido paga, conforme consta no comprovante bancário. Também não adianta acessar a internet e efetuar o pagamento, pois o site tampouco funciona. Mas enquanto mãe e filha - as duas tontas, otárias, palhaças -, comunicam à atendente que nada na empresa dela funciona (nem ela), a linha cai, a paciência acaba e a corda arrebenta, outra vez, do lado mais fraco.

Acaba dia 19
E até a Globeleza estará perdoada de todos os seus pecados pelos próximos trinta dias que virão. Rá!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Things to avoid in life

1) Os que se declaram "pretensos críticos de cinema", mas nem sabem o que é isso. Só pose, mal feita ainda por cima. Sem paixão.

2) Gente que não toma banho e acha super normal sair de casa com cheiro de asa de morcego.

3) Hypezinhos, indiezinhos, moderninhos de balada.

4) Alpinistas de Gurgel ak.a. Alpinistas de Cobertor com Pulgas. Basicamente são aquelas menininhas toscas cujo sonho é ser a number 1 de algum pseudo-intelectual, pseudo-dramaturgo, pseudo-diretor de cinema, ou qualquer ser que possua um síbolo fálico pendurado em algum lugar do corpo. O importante é que eles sirvam para projetá-las, nem que seja num blog.

5) Povinho da rave (sorry to disappoint you, babies).

6) Balada mauricinha. Tipo aquelas em que os caras ficam posando de gatões com a cerveja na mão... e logo de cara te chamam pra subir no camarote.

7) Drug users que se acham superiores ao resto do planeta (deve mesmo ser efeito das drogas).

8) Pessoas corporativas. Aquele tipo de gente que se torna repetinamente uma PESSOA S/A assim que começa a trabalhar em alguma empresa relativamente famosa, geralmente nos setores de marketing ou comunicação (os engenheiros, GRAÇAS A DEUS, não precisam pagar tamanho mico, até porque costumam ganhar mais dinheiro com menos puxação de saco).

9) Namoradinhas babacas que realmente acham que você e todas as mulheres da mesa do bar estão de olho no namoradinho sem sal nem açúcar que ela arranjou para dizer ao mundo que ela não é loser, afinal, ela tem uma pica! E agora está motorizada!(O próximo passo é viajar pra Monte Verde ou Campos do Jordão e escrever 5 testemunhos melosos no Orkut).

10) Cobras venenosas & sem vida, disfarçadas de humanos com cara de cavalo ou de pudim (na maioria das vezes sem nenhum talento, nada a oferecer).



11) Gente acomodada que inventa desculpas para não correr atrás das coisas.

12) Gente que se diz "triste, precisando de ajuda", e que só ficará conetente quando você provar sua incondicional afeição e amizade se enfiando no mesmo buraco que ela. OUT!

13) Moralistas rasos (isso foi um pleonasmo?).

14) Miguxas. Especialmente aquelas que trabalham juntas, comporam roupas juntas, fazem fofoca juntas (e falam mal umas das outras), almoçasm juntas, vão ao happy hour juntas, pra balada juntas, viajam juntas, e passam o dia rindo de piadas infames no YouTube e comentando o Big Brother Brasil. Saem do trabalho às 8 da noite e depois dizem qe foi um dia cheio. (Costumeiramente passam a se detestar quando o Macho Alfa do serviço resoelve ficar logo com duas, três miguxas em menos de um mês).

15) Gente (chata) que viaja para a praia mas tem nojo de botar o pé na areia.

16) Gente (caipira) que viaja pra tirar foto do hotel.

17) Moleques babacas ouvindo putz-putz de quinta no último volume no carro ao lado.

18) Menininhas idiotas ultra-maquiadas na fila da balada mais paulistana de Floripa.

19) Ratinhos de academia.

20) Homem bombado e/ou de abdomem depilado.

21) Homem machista e ignorante (pleonasmo again!).



22) Piranhinha invejosa: é aquele tipinho insistente que tem como objetivo único na vida tascar o seu homem, já que não consegue logo tascar o seu cérebro, o seu espírito, a sua vida, e entrar no seu corpo. Geralmente, a piranhinha invejosa só consegue tascar aquele seu step mais mala e grudento, logo depois que você deu um fora nele. E aí a piranhinha invejosa e o macho ferido se juntam, como dois sacos vazios, duas pombas imundas,duas almas penadas, e não adianta nada pra nenhum dos dois. Afinal, você continua cuidando da sua vida, cercada de gente muito mais interessante que eles.

23) Fanáticos de todo tipo.

24) Fãs que pagam micos absurdos por seus ídolos.

25) Listas clichezentas, malinhas & ególatras (ok, vou me retirar).

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Clippamos bem para clippar sempre

Vamos dar uma rapidinha? Quero dizer, será mais rápido do que você imagina. Dê aí uma lidinha nos links indicados pela tia, salve nos seus favoritos, imprima e guarde pro metrô de amanhã, e prepare o seu arsenal de assuntos a gastar em encontros interessantes. Mas antes, muito antes disso tudo, deixe que alguns desses textos te levem daqui. And have a nice trip!

1) Entrevista de Marcelo Tas, publicada nas páginas negras da TRIP, por Ronaldo Bressane. Quando? Não sei, não olhei, qual é o problema? Largue a mão de ser preguiçoso e procure você mesmo, leitorzinho acomodado!

2) Direto do suplemento Matéria Biz de domingo passado, do jornal argentino El Clarín, dedicado ao mundo corporativo, finanças e marketing (imagine uma Você S/A, sem ser bundona) vem esse olhar inusitado sobre a estrutura organizacional super-poderosa-chefona da Família Corleone. Tá afim de montar uma lojinha, uma pastelaria, uma pet shop? Esqueça o Jovem Empreendedor do Sebrae! Clique aqui e anote as dicas.

3)Você sabe o que as mulheres querem? Aliás, você sabe mesmo o que quer, amigona? Na revista do The New York Times tem uma longa matéria tentando jogar uma luz sobre os desejos femininos mais íntimos na era do pós-feminismo. Tudo bem que essa mania de estatísticas "sexuais" que os americanos herdaram do Kinsey é bem da superficialzinha, mas não dá pra retirar deles os méritos de algumas pesquisas. Nossas mentiras mais íntimas, no entanto, permanecem guardadas. A pergunta que não cala é: pra quê dissimular tanto?

4) Leia aqui este ótimo perfil do agora desempregado maestro John Neschling, recém-demitido da OSESP. É do arquivo da piauí, e você precisa se cadastrar gratuitamente para ter acesso. Quem captou o espírito da figura foi o jornalista Roberto Kaz.

5) Se você detesta Renato Russo, clique aqui. Se você idolatra Renato Russo (get a life!) também clique aqui. Se você só quer dar uma lida num perfil diferente de Renato Russo, escrito pelo Cadão Volpato, meio que num túnel do tempo até 1984, clique aqui. Se você não gostar, reclame com a piauí.

6) "Aprendendo a Ser Gay Talese". Bem, talvez nem comendo muito arroz feijão com farofa & tomando doses cavalares de Biotônico Fontoura pra conseguir. Mas o Jorge Pontual se encontrou com um dos maiores mestres do meu ofício e reportou na Brasileiros, em julho de 2007.

7) Gay marriage & wedding industry. Está aqui, na Radar. Chega mais.

8) Há um bonito calendário sobre a mesa de Pedro Almodóvar. O The Guardian, ou melhor, o repórter Simon Hettenstone, entrou na sala dele e conversou longamente com o tio. Mas o perfil ainda vale a pena, e muito. E aqui tem outra mais poderosa ainda do nosso madrilenho mais querido.

9) Oscar Maroni começou vendendo hot dog na rua e se tornou o maior magnata brasileiro do sexo. É dono das revistas Hustler e Penthouse no Brasil, e também do polêmico Bahamas Club, e foi alvo de diferentes pressões populares e políticas, uma para prendê-lo e outra para soltá-lo: FREE MARONI! A entrevista não é das mais brilhantes. Mas quer saber com quantas ele já se relacionou? Clicaí no IG.

10) Marlon diante de Truman, Capote diante de Brando. Um dos encontros mais inusitados - e míticos, por assim dizer - da cena americana dos anos 50, aconteceu entre um dos ateores do cinema mundial e um dos mais ousados jornalistas ever. O resultado foi esse clássico perfil de Marlon Brando publicado pela revista New Yorker, em 1957.