quinta-feira, 30 de abril de 2009

A little respect

Em todo o planeta, ha trilhões de trabalhadores. Alguns contra a própria vontade. Outros trabalham em más condições. Praticamente todas ganham mal e se esforçam absurdamente para pagar as próprias contas. Muita gente passa os dias contando as horas para sair do serviço. Outros ficam nervosos no trânsito, em duas, três, quatro conduções. Tem gente ganhando zilhões. Tem gente contando as moedas. Existem os positivistas. Existem ainda aqueles que enxergam o trabalho sob a perspectiva de Nietzche. Existem os vagabundos - ah, os nossos amáveis vagabundos! Os nossos odiosos vagabundos! Existem os idealistas. Os puxa-sacos. Os homens brilhantes. Os escritores, os poetas, os músicos, os ambientalistas, os loucos, as bacantes, os pervertidos. Os pensadores. Existe gente que ganha a vida tentando resolver os seus problemas. Entender a sua cabeça. Existe gente que diz que você é neurótico, que você tem pânico, que você tem estresse, que você está deprimido, com síndrome disso, síndrome daquilo. Há também os que salvam vidas e os que matam pessoas. Existem os ladrões. Os vampiros. Os psicopatas. E as pessoas que tentam detê-los. Nesse momento, trilhões de pessoas estão apavoradas com a gripe suína. Centenas de milhares estão se preocupando em erradicá-la. Há pessoas desesperadas, procurando emprego. Mães solteiras sustentam sozinhas seus filhos ganhando muito menos do que os filhos da puta que as largaram Mães solteiras se tornam invisíveis. E seus filhos se tornam vítimas do trabalho infantil. Filhas de todas as mães se tornam mulheres violentadas. Mulheres estupradas são condenadas ao inferno por cardeais exploradores do que nos resta de fé. Mulheres reduzidas a pedaços de bunda são endeusadas, enquanto todas as outras são desmerecidas, diariamente, pelo tipo de cretinice que sai da boca de Carrie Prejean. Carrie nunca deve ter pensado. Nunca deve ter tipo um problema para resolver sozinha. Nunca deve ter trabalhado. Não deve conhecer nenhuma pessoa brilhante. Não deve sentir o coração disparado na hora do gol. Não deve chorar nem sorrir ouvindo música. Não deve saber quem foi Jean Paul Sartre ou Simone de Bovoir. Não deve ouvir aplausos quando goza. Possivelmente, Carrie Prejean não goza. Com a cabeça podre, deicidiu então usar o corpo. Não é feia, mas todo mundo já viu melhores. Candidatou-se à Miss. E depois de perder o prêmio do corpo, decidiu puxar a descarga. Saiu tudo pela boca. Resolveu lutar contra o casamento gay. Virou então a miss do atraso. Carrie Prejean é o símbolo de todos os casamentos heterossexuais que faliram. Tudo isso enquanto, no mundo inteiro, trilhões de pessoas pagam impostos pela igualdade que não têm. Milhões de pessoas se apaixonam por outras do mesmo sexo. Constróem lares. Constróem sonhos. Constróem vidas que são destruídas por pessoas como Carrie Prejean, que não estarão lá quando o companheiro do Fulano tiver doente. Pessoas que lutam para que o Fulano não tenha direito à herança de seu companheiro, quando ele morrer. Pessoas que possivelmente mantém, em casa, armas de fogo tão bem guardadas quanto seus talheres de prata. Pessoas que não passam de tubos digestivos falhos, e que soltam dejetos pelos orifícios errados. No mundo inteiro há pessoas muito melhores brigando por um pingo de dignidade. No mundo inteiro, há pessoas pedindo abraços silenciosamente. No mundo inteiro, todas as pessoas precisam de respeito. Ninguém precisa de Carrie Prejean.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

The black sheep

"Carnafacul eu vô". É esse o nick da minha irmã de 17 anos no MSN. Ainda não sei por que raios me espanto com isso. Viro a cara, faço careta, tapo os olhos, e depois bufo. Quero gritar. "Puta que pariu! Puta que pariu!" (somos irmãs só por parte de pai). "Puta que o pariu, caralho, porra!" (Incrível como tem dias em que as palavras jorram como lava de dentro da gente, não?). "P-U-T-A-Q-U-E-O-P-A-R-I-U".

Mas é isso aí. A gente vai com os olhos brilhando buscar o bebê na maternidade (lembro bem: era cabeluda e vestia um macacão verde), ajuda a dar banho, pega no colo, tira foto, ajuda a soprar velinhas do bolo, ensina a roubar no Banco Imobiliário, brinca de bonecas, e tenta ser uma boa irmã - eu dei até um peixe pra ela de presente em 1995! Tudo isso pra quase enfartar com o frio, cruel e gradual assassinato de qualquer boa influência nossa.

Pois é, Renata. Ela vai ao Carnafacul. "Carnafacul eu vô". Sem vírgula e com acento circunflexo no "ô". Que é tipo "ôôôôôôô, QUE TERROR, ôôôôô, É A DANÇA DO VAMPIRO!". E você, Renata, vai se indignar. Vai tentar explicar - gesticulando, desenhando, tocando tambor - cada um dos motivos que tornam o Carnafacul execrável. Ela vai ficar muda, enquanto sua verborragia entra-lhe por um ouvido e sai pelo outro, como se fosse o som de um aspirador de pó. "Entendeu, menina? Entendeu o que eu falei?".

Entendeu nada. E antes que você recomece, alguém tocará a campainha. É o tal do carinha. Tem correntes no pescoço, um boné ridículo, um celular de 900 Reais no bolso e veste uma camiseta horrorosa que eles chamam de abadá.(Terá sido o abadá uma um aperfeiçoamento retardado do iabadabadú?). Esforçado o rapaz, até troca algumas palavras comigo. Não consegue finalizar nenhuma frase com a devida concordância - o amigo que acompanha ao menos se comunica num vocabulário Mano Brown 2.0 - mas quem sabe não conseguimos nos entender por mímica? Não demora muito, os dois saem pela porta. Diante do Tom Cavalcante na TV, meu pai diz que não é pra beber. Mas eles nem ouvem. Percebo então, quem é a verdadeira ovelha negra por aqui. The real black and big sheep.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A song for... uh! [editando]

Alo alô, criançada! Hoje a proposta é a seguinte: listem já, de bate-pronto, três músicas para a hora do sexo. Relaxem, coisinhas fofas da tia, ninguém vai prender os que arriscarem uns clichês, a gente quer é ser feliz! O que importa é iniciar um super estudo antropológico, sociológico e, sobretudo, a little bit nasty at all.

As listas foram feitas às pressas, via MSN, agorinha mesmo entre amigos residentes no Brasil, Uruguai, Argentina e Irlanda. E é incrível como 99% das pessoas para o que está fazendo para responder. That´s the power of sex!

Sorry guys, não foi possível colar alguns vídeos and you may blame it on Youtube. E como podem ver, fiquei por último no palpite, mas não fiz cara de paisagem. Prestem atenção nos artistas habitués de A a Z. Baixem o que não conhecem - abram as portas ao desconhecido -, deixem rolar, experimentem! E vamos embora, pois como diria Marvin Gaye, "let´s make love tonight"...

Fernando Niero, 26, fotógrafo (Dublin, Ireland)
Isaac Hayes - "Walk on By"
Tricky - "Makes Me Wanna Die"
Portishead - "Wandering Star"

Diniz Gonçalves Jr, 37, escritor (Praça Roosevelt, SP)
Roberto Carlos - "Cavalgada"
Julio Iglesias - "O me quieres o me dejas"
Lionel Ritchie - "Stock On You"

Luanna Fernandes, 24, radialista (São Paulo, SP)
Radiohead - "House Of Cards"
Nat King Cole - "Unforgetable"
Cranberries - "Linger"

(Já deu pra sacar que vai do "tarado do Robertão" até a "romântica irlandesa", né? Imagine o que vem por aí...)


Fernando de Lucena, 25, músico (Salvador, BA)
Ultraje a Rigor - "Sexo"
Rolling Stones - "Miss You"
Carl Orff - "Carmina Burana"

Felipe Salomão, 26, engenheiro (ZN, Mano! - SP)
Madonna - "Justify My Love"
Bryan Ferry - "Slave To Love"
Phill Collins - "The Way You Look Tonight"

Endossando minha atual mania por Mr.Ferry...




Renato Limão, 27, relações públicas & músico (São Caetano do Sul, SP)
Jimi Hendrix - "Little Wing"
Willie Dixon - qualquer uma
Trilha Sonora do filme "Alladin", na íntegra (é sério: ele disse isso mesmo)

Fred Seigneur, 45, artista multimídia (Rio de Janeiro, RJ)
1) Para preliminares: Thomas Dolby "The Flat Earth"
2) A coisa propriamente dita: Tangerine Dream - "Phaedra"
3) O pós: Steve Miller Band - "Wild Mountain Honey"

Veridiana M., 27, assessora de imprensa (São Paulo - SP)
Tricky - "Afftermath"
Massive Attack - "Angel"
Portishead - "Glory Box"

Lenes Costa, 38, músico (São Paulo, SP)
Depeche Mode - "Higher Love"
INXS - "Not Enough Time"
The Zombies - "Time of The Season"

Fernando Montanari, 22, estudante (Lille, France)
Fiona Apple - "First Taste"
Moby - "Natural Blues"
Portishead - "Glory Box"

Alice Scarpa, 53, psicóloga (Niterói, RJ)
Sting - "Sacred Love"
Lulu Santos - "Apenas Mais uma de Amor"
Madonna - "Justify My Love"

Silmara Ferreira, 22, publicitária (ZL, mano! SP)
The Doors - "Gloria"
AC/DC - "Jailbreak"
INXS - "Taste it"



As idiossicrasias de Silmara não cessam na seleção musical para a cama. Do alto de seu metro e sessenta, a publicitária reivindicou canções para além do Top 3. Mas sou quase uma mulher regrada e não costumo abrir exceções. Não satisfeita, a heroína rock n´roll perguntou-me, porém, se alguém havia citado "Wicked Game" de Chris Isaak, o que não aconteceu até o momento (milagre?). Limitou-se então, a comentar: "Porra, como não! Wicked é Wicked!" Pois bem, madame. Indignação registrada.

Daniel Faria, 21, jornalista (Bauru, SP)
Primal Scream & Kate Moss- "Velvet Morning"
Radiohead - "Nude"
Cocteau Twins - "Cherry-Coloured Funks"

Guilherme Scarpa, 26, cineasta (Niterói, RJ)
Madonna - "Erotica"
Frank Sinatra - "Miss Kittin"
Air - "Mer Du Japon"

Rodrigo Kurtz, 28, designer gráfico (Florianópolis, SC)
Roísín Murphy - "Primitive"
Sneaker Pimps - "6 underground"
Hooverphonic - "2Wicky"

Dario Pereyra, 29, empresário (Montevideo, UY)
Ricardo Arjona - "Desnuda"
Bryan Adams - "Have You Ever Really Loved a Woman?"
Richard Marx - "Waiting For You"

Mary Fê, 32, programadora (Rio de Janeiro, RJ)
Madonna - "Erotica"
Massive Attack & Tracey Thorn - "Protection"
Esthero - "Country Livin' (The World I Know)"

Moacir da Silva Jr, 21, autônomo (São Paulo, SP)
Ben Harper - "Sexual Healing"
Bon Jovi - "Always"
Queens of The Stone Age - "Go With The Flow"

Paulo Trani, 23, advogado (São Paulo, SP)
Marvin Gaye - "Let´s Get It On"
Buena Vista Social Club - "Cuarto de Tula"
Roberto Carlos - "Como é Grande O Meu Amor Por Você"



Camila Hungria, 22, jornalista (São Paulo, SP)
Marvin Gaye - "Let´s Get It On"
Rita Lee - "Doce Vampiro" (puta que pariu, Camila!)
Caetano Veloso - "Sorte"

Eduardo Daros, 26 - Relações Públicas (São Paulo - SP)
Marvin Gaye "Let's get it on"
Etta James - "There is not greater love"
Tom Jones - "Sexbomb"

Caio Cipro, 27, engenheiro (da Moóca, meu! - SP)
Eric Clapton - "Layla" (acústico)
Barry White - "Can´t Get Enough Of Your Love"
Diana Krall - "I´ve Got You Under My Skin"

Thiago Furlan, 28, músico (São Paulo - SP)
Marvin Gaye - "Makes me wanna holler"
Isaac Hayes - "Shaft"
Prince - "Darling Nikki"

Paulo Dias, 27, tradutor
(São Paulo - SP)
Happy Mondays - "Kinky Afro"
Afghan Whigs - "66"
Depeche Mode- "Personal Jesus"

Leonardo Tomás, 23, músico (São Paulo - SP)
Marvin Gaye - "Let´s Get It On"
Red Hot Chilli Peppers - "Blood Sugar Sex Magic"
Phil Guy - "I Feel Sexy"

Kamille Viola, 31, jornalista (Rio de Janeiro, RJ)
Portishead - "Glory Box"
Sade - "No Ordinary Love"
April Stevens - "Teach Me Tiger"

(Viram só? Apareceu a Sade! E nada do Chris Isaak...)

Eduardo Fragata, 31, fotógrafo (São Paulo, SP)
Carlos Santana - "Samba Pa Ti"
Billie Holiday - "Easy Living"
Sepultura - "Orgasmatron"


Douglas Macch, 21, cantor (São Paulo - SP)
Babyshambles - "Fuck Forever"
Hot Chip - "Over and Over"
The Cardigans - "Erase and Rewind"

Daniel Mim, 21, estagiário vitalício (Ponte aérea Varginha, MG - Sumpaulo, SP)
Chico Buarque & Elza Soares - "Façamos"
Marvin Gaye - "Let´s get it On"
Primal SCream - "Some Velvet Morning"

Fernando Paiva, 30, jornalista e músico (Rio de Janeiro, RJ)
Gal Costa - "Baby"
Belle & Sebastian - "Could Be Dreaming"
Broken Social Scene - "Swimmers"

Nicolau Centola, 41, professor (São Paulo - SP)
Miles Davis - "Shhh/Peaceful"
Air - "J'Ai Dormi Sous L'Eau"
Brian Ferry - "I Put a Spell on You"

Evelyn Vavassori, 32, professora (São Paulo, SP)
Abba - "Dancing Queen"
Marvin Gaye - "Got To Give It Up"
Jesus & Mary Chain - "Just Like Honey"

Carlos F., 41, empresário
(Campo Maior, Piauí - mostly seen at Vila Madalena, SP)
King Crimson - "Fallen Angel"
Prince - "Question Of You"
Serge Gainsbourg - "Je t´aime ma non plus"

Rita Squillace, 25, marketeira (São Paulo - SP)
Frank Sinatra - "Strangers In The Night"
Tosca Tango Orchestra - "El Cholulo"
Louis Armstroug - "esqueci o nome da musica! mas não é What a Wonderful World!" (ainda bem, né Rita?)

Baga Defente, 25, artista multimídia (São Paulo, SP)
Dave Matthews Band - "Crash"
John Coltrane - "My Favorite Things"
Jimi Hendrix - "Angel"

RENATA D´ELIA, 25, jornalista (Jaça City, SP)
Miles Davis - "So What"
Paco de Lucía - "Danza Ritual Del Fuego"
Teo Usuelli - "Piacere Sequence"

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rapidinhas da semana

Quer dizer, sem essa de "quentinhas da semana". São só as tradicionais dicas de sempre, com sabor de chocolate, café ou cherry coke. Façam bom proveito, criaturinhas!

1) Entrevista com cara de perfil - é Joyce Pascowitch por Maria Ignez Barbosa- a poderosa - na Brasileiros de outubro do ano passado. Papo leve, texto ambientado e boas aspas, do jeito que eu gosto. "Não basta ser uma boa jornalista para ser colunista. É preciso ver as coisas com um olhar à frente dos outros, ter percepção, um radar, um repertório, e isso é algo que treino desde pequena. Muito cedo, fiz balé, piano, francês e inglês. Sempre fui antenada. Sempre que saio para ver alguma coisa, vejo outra, enxergo algo além. Antes de ir para a Folha eu fazia uma revistinha, a A&Z, que mexia e instigava, e que o Mathinas Suzuki viu e gostou. Foi quando ele me chamou para ir para o jornal". Anotaí.

2) Não é porque trabalho na redação ao lado, mas o Terra Magazine agora tem espaço comandado pela excelente Ana Paula Sousa, ex-editora de cultura da Carta Capital. O blog se chama Babel.

3) "Vamos entrevistar o Osama Bin Laden. Isso mesmo, vamos atrás". A pérola deve ser imaginária (tomara mesmo). Saiba como trabalha Heródoto Barbeiro -- da rádio CBN e do Roda Viva, na Tv Cultura --, na correria do dia a dia, com direito a deliciosos bastidores. "No computador de Heródoto chega uma mensagem: 'Céus, entra ano, sai ano, e o José Dirceu não consegue achar o R do pRoblema. Abs., Neuza'. No estúdio, o e-mail é comentado e alguém diz, fora do ar: ' O Cony, que é o Cony, não consegue falar aeroporto. Só sai aereoporto'. Da Brasileiros, por Ricardo Kotscho.

4) Ok, mais uma da Brasileiros, por Inês Garçoni. Nem me lembro mais por que raios não gostava da revista no começo. Mas aí vai, o Rogério Fasano Punk Rocker. Não entendeu? Clica aqui, benhê. " 'Ele deu uma lição. Disse que ser punk não era aquilo, que a gente estava lá para pensar, raciocinar, e não para ficar cuspindo. Fiquei mais fã dele ainda'. Aos 19 anos, Rogério estava na platéia, em Londres, onde viveu à custa do pai rico. Ficou enojado com os cuspes, mas cantou todas as letras da banda, ídolo da juventude rebelde."

5) La Ruta Norteamericana é o blog do jornalista espanhol Fernando Navarro -- do El País e da Rolling Stone com sotaque madrilenho -- interessante pra ter uma visão menos afetada do que se tem com os blogs ingleses, e consequentemente da puxação de saco à brasileira. O bom é que se fala de velharias, bandas americanas esquecidas, e um monte de coisas que os psudo-hypes não falam, com medo de se queimar na baladinha da Augusta...

6) Ainda no El País, entrevista rapidinha, só pra constar, com o lindo, maravilhoso e talentoso Clive Owen. [Sinta o sotaque. Respire fundo. Expire. Agora pode gritar. Mas antes, escute a dublagem. E gargalhe!]Aproveite e dê uma zapeada nas páginas especiais de cinema, música e literatura do jornal online. Viu? Agora compare com os cadernos de cultura dos jornais daqui. Vou até ali beber um Nescau enquanto você chora.

7) Emma Watson a.k.a. Hermionne Granger concede entrevista a Derek Blasberg, da revista Interview. E vejam só que bonitinha: "Well, I shouldn’t say I have a favorite director—that wouldn’t be very diplomatic. But one of the people I enjoyed working with most was Alfonso Cuarón [who directed Watson in the third Potter film, Harry Potter and the Prisonerof Azkaban (2004)]. I have a real thing forMexican directors. And I love Guillermo del Toro and Alejandro González Iñárritu".

8) Lembro-me de um policial fascista que tive o desprazer de conhecer há alguns anos. Entre outras baboseiras, vivia dizendo que Caco Barcellos fora dedo-duro dos militares durante o regime: a figura espalhava mentiras tão absurdas quanto seu delírio de grandeza (achava-se capaz de governar, coitado). Nunca mais vi grotesca figura. Mas Caco Barcellos ficou, por bem. E segue e enxutérrimo Caco Barcellos em entrevista à Trip, nas Páginas Negras. "O caso da Isabella tem esse componente da cultura da violência. Eu acho que a polícia nos ensinou a pensar, o que é um grande erro, que, quem morre, morre porque deve. Coisa da cultura do esquadrão da morte, 'estava no lugar errado na hora errada'. E, no caso dessa criança, Isabella, você não podia culpar a vítima. É uma inocente de 5 anos. A segunda coisa: família de classe média, com o pé no direito. Então a polícia não podia usar os métodos que usam contra os pobres, que não é de investigação e sim de tortura".

9) Do olhar. Quer dizer, de como Susan Sontag foi seduzida por sua própria persona. Aqui na New York Magazine. Por Franklin Foer.

10) Ótima retrospectiva do Alex Antunes sobre Bryan Ferry e o indefectível Roxy Music. Aqui, ó, cheio de boas dicas. Quer um trecho? Aí vai o início: "Bryan Ferry está para a música precisamente como Andy Warhol estava para as artes plásticas. O 'pop' para ele é uma interface, um caminho de duas mãos. De um lado, a mirada intelectual e crítica sobre a arte na era da reprodutibilidade tecnológica". Corre lá, baixe lá, e diz pra mim se esse Mr.Ferry não é uma coisa diliça! (Não tenha medo, menina, juro que não vou achar brega).

terça-feira, 21 de abril de 2009

We are the hollow men



The Hollow Men
T.S. Eliot (1888-1965)


MISTAH KURTZ -- HE DEAD.
A penny for the Old Guy

I

We are the hollow men
We are the stuffed men
Leaning together
Headpiece filled with straw. Alas!
Our dried voices, when
We whisper together
Are quiet and meaningless
As wind in dry grass
Or rats' feet over broken glass
In our dry cellar

Shape without form, shade without colour,
Paralysed force, gesture without motion;

Those who have crossed
With direct eyes, to death's other Kingdom
Remember us--if at all--not as lost
Violent souls, but only
As the hollow men
The stuffed men.

II

Eyes I dare not meet in dreams
In death's dream kingdom
These do not appear:
There, the eyes are
Sunlight on a broken column
There, is a tree swinging
And voices are
In the wind's singing
More distant and more solemn
Than a fading star.

Let me be no nearer
In death's dream kingdom
Let me also wear
Such deliberate disguises
Rat's coat, crowskin, crossed staves
In a field
Behaving as the wind behaves
No nearer--

Not that final meeting
In the twilight kingdom

III

This is the dead land
This is cactus land
Here the stone images
Are raised, here they receive
The supplication of a dead man's hand
Under the twinkle of a fading star.

Is it like this
In death's other kingdom
Waking alone
At the hour when we are
Trembling with tenderness
Lips that would kiss
Form prayers to broken stone.

IV

The eyes are not here
There are no eyes here
In this valley of dying stars
In this hollow valley
This broken jaw of our lost kingdoms

In this last of meeting places
We grope together
and avoid speech
Gathered on this beach of the tumid river

Sightless, unless
The eyes reappear
As the perpetual star
Multifoliate rose
Of death's twilight kingdom
The hope only
Of empty men.

V

Here we go round the prickly pear
Prickly pear prickly pear
Here we go round the prickly pear
At five o'clock in the morning.

Between the idea
And the reality
Between the motion
And the act
Falls the shadow
For Thine is the Kingdom

Between the conception
And the creation
Between the emotion
And the response
Falls the Shadow
Life is very long

Between the desire
And the spasm
Between the potency
and the existence
Between the essence
And the descent
Falls the Shadow
For Thine is the Kingdom

For thine is
Life is
For Thine is the

This is the way the world ends
This is the way the world ends
This is the way the world ends
Not with a bang but a whimper.

* Com cenas de Marlon Brando em montagem especial de cenas de Apocalypse Now, by Francis Ford Coppola
(1979).

** Y unas gracias a Ariel Ledesma por acordarme del poema.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Liberté

“Um estilo artístico é algo vivo, uma contínua invenção dentro de certa direção. Nunca imposta de fora, nascida do impulso criador & das tendências profundas da sociedade, essa direção é até certo ponto imprevisível, como o é o crescimento de ramos de uma árvore. Em troca, o estilo oficial é a negação da espontaneidade criadora, os grandes impérios tendem a uniformizar o rosto cambiante do homem & convertê-lo em uma máscara indefinidamente repetida. O poder imobiliza, fixa num só gesto grandioso, terrível ou teatral & finalmente, simplesmente monótono a variedade da vida. ‘O Estado sou eu’ é uma fórmula que significa a nadificação dos rostos humanos suplantados pelos traços pétreos de um eu abstrato que se converte, até o final dos tempos, num modelo de toda uma sociedade”. Octavio Paz, em O Arco e a Lira.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Wake up!

Lá pela terceira ou quarta cochilada preguiçosa (e merecida) desse domingo, sonhei com Mickey Rourke do jeito gatão, lá pelos anos 80. Estávamos numa festa, conversando, rindo e bebendo. Muito esperta, é claro, tratei de voltar a dormir logo depois de mal acordar. Afinal, quem é que vai perder uma coisa incrível daquelas, te dando o maior mole? Vinte minutos depois - eu sei porque olhei no relógio quando despertei de vez -, aparecia no sonho, na sequência da festa, o Mickey Rourke acabadão, século 21, total scarface. E para minha surpresa, até que estava bem bacana sonhar com ele mesmo assim...


Foto: Christophe D'Yvoire/Sygma/Corbis: Mickey Rourke, 1987.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

5 traços no espelho

1) Meu nome é Mulher Maravilha, mas eu gosto mesmo é da Elke. Equilibro uma bola no nariz e bato palmas. Assovio e chupo cana. Canto, danço e sapateio. Converso com taxistas e atropelo pessoas na calçada com bastante frequência.

Ou em terceira pessoa...

2) 25 anos, marruda & birrenta desde os 4, não come frango mas furta algodão doce em festa de criança, sempre ocupa o banco das grávidas no metrô; ex-futura campeã olímpica de Handball & atriz ganhadora do Oscar com estatuetas de shampoo, costuma sonhar com tartarugas gigantes (e elas voam). Eu disse: 25 anos, estrábica somente em fotos, uma vez atropelada em sua própria rua conseguiu quebrar somente um dedo, e já perdeu o celular três vezes. Nessa vida acumula um poodle, cinco pilhas recarregáveis, doze camisetas regatas, vários isqueiros e nenhum golpe do baú. Nenhum golpe do baú!

Ou em primeira, outra vez...

3) Yo Soy Rebelde. Entre outras excentricidades, moro no Jaçanã e tenho uma amiga cuspidora de fogo. Estudei com o Banana de Pijama do buffet aqui do lado e já levei um tombo, de cabeça, do alto de uma escadaria equivalente à da Sé. Também mexo as orelhas e o couro cabeludo sem mover as sobrancelhas (há vídeos que comprovam).

4) Ontem, dominar o mundo como grandes generais faziam (a little less violence, of course). Hoje, ganhar dinheiro dormindo. E amanhã... cultivar uma horta, certo?

5) Construía foguetes imaginários. Queria ter um robô como o dos Jetsons. Construía castelos no ar. Queria construir barquinhos de papel. Construo besteiras bonitas. Quero muito ganhar um beijo seu.