"Carnafacul eu vô". É esse o nick da minha irmã de 17 anos no MSN. Ainda não sei por que raios me espanto com isso. Viro a cara, faço careta, tapo os olhos, e depois bufo. Quero gritar. "Puta que pariu! Puta que pariu!" (somos irmãs só por parte de pai). "Puta que o pariu, caralho, porra!" (Incrível como tem dias em que as palavras jorram como lava de dentro da gente, não?). "P-U-T-A-Q-U-E-O-P-A-R-I-U".
Mas é isso aí. A gente vai com os olhos brilhando buscar o bebê na maternidade (lembro bem: era cabeluda e vestia um macacão verde), ajuda a dar banho, pega no colo, tira foto, ajuda a soprar velinhas do bolo, ensina a roubar no Banco Imobiliário, brinca de bonecas, e tenta ser uma boa irmã - eu dei até um peixe pra ela de presente em 1995! Tudo isso pra quase enfartar com o frio, cruel e gradual assassinato de qualquer boa influência nossa.
Pois é, Renata. Ela vai ao Carnafacul. "Carnafacul eu vô". Sem vírgula e com acento circunflexo no "ô". Que é tipo "ôôôôôôô, QUE TERROR, ôôôôô, É A DANÇA DO VAMPIRO!". E você, Renata, vai se indignar. Vai tentar explicar - gesticulando, desenhando, tocando tambor - cada um dos motivos que tornam o Carnafacul execrável. Ela vai ficar muda, enquanto sua verborragia entra-lhe por um ouvido e sai pelo outro, como se fosse o som de um aspirador de pó. "Entendeu, menina? Entendeu o que eu falei?".
Entendeu nada. E antes que você recomece, alguém tocará a campainha. É o tal do carinha. Tem correntes no pescoço, um boné ridículo, um celular de 900 Reais no bolso e veste uma camiseta horrorosa que eles chamam de abadá.(Terá sido o abadá uma um aperfeiçoamento retardado do iabadabadú?). Esforçado o rapaz, até troca algumas palavras comigo. Não consegue finalizar nenhuma frase com a devida concordância - o amigo que acompanha ao menos se comunica num vocabulário Mano Brown 2.0 - mas quem sabe não conseguimos nos entender por mímica? Não demora muito, os dois saem pela porta. Diante do Tom Cavalcante na TV, meu pai diz que não é pra beber. Mas eles nem ouvem. Percebo então, quem é a verdadeira ovelha negra por aqui. The real black and big sheep.
Mas é isso aí. A gente vai com os olhos brilhando buscar o bebê na maternidade (lembro bem: era cabeluda e vestia um macacão verde), ajuda a dar banho, pega no colo, tira foto, ajuda a soprar velinhas do bolo, ensina a roubar no Banco Imobiliário, brinca de bonecas, e tenta ser uma boa irmã - eu dei até um peixe pra ela de presente em 1995! Tudo isso pra quase enfartar com o frio, cruel e gradual assassinato de qualquer boa influência nossa.
Pois é, Renata. Ela vai ao Carnafacul. "Carnafacul eu vô". Sem vírgula e com acento circunflexo no "ô". Que é tipo "ôôôôôôô, QUE TERROR, ôôôôô, É A DANÇA DO VAMPIRO!". E você, Renata, vai se indignar. Vai tentar explicar - gesticulando, desenhando, tocando tambor - cada um dos motivos que tornam o Carnafacul execrável. Ela vai ficar muda, enquanto sua verborragia entra-lhe por um ouvido e sai pelo outro, como se fosse o som de um aspirador de pó. "Entendeu, menina? Entendeu o que eu falei?".
Entendeu nada. E antes que você recomece, alguém tocará a campainha. É o tal do carinha. Tem correntes no pescoço, um boné ridículo, um celular de 900 Reais no bolso e veste uma camiseta horrorosa que eles chamam de abadá.(Terá sido o abadá uma um aperfeiçoamento retardado do iabadabadú?). Esforçado o rapaz, até troca algumas palavras comigo. Não consegue finalizar nenhuma frase com a devida concordância - o amigo que acompanha ao menos se comunica num vocabulário Mano Brown 2.0 - mas quem sabe não conseguimos nos entender por mímica? Não demora muito, os dois saem pela porta. Diante do Tom Cavalcante na TV, meu pai diz que não é pra beber. Mas eles nem ouvem. Percebo então, quem é a verdadeira ovelha negra por aqui. The real black and big sheep.