sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Passa, se não vai ter nenê

"Depois, consegui trancar-me com ele na despensa para, conforme planeara, tirar o vestido muito depressa e abraçar-me a Ele, a morrer".

RITA FERRO, no conto "O Segredo de Chiffon", da coletânea "Intimidades", organizada pr Luisa Coelho. 5ª frase da página 161 do livro.


Agora vamos espalhar a brincadeira:

1ª Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure)
2ª Abrir na página 161
3ª Procurar a 5ª frase completa
4ª Postar essa frase em seu blog (ou enviar por e-mail)
5ª Não escolher a melhor frase nem o melhor livro
6ª Repassar para outros 5 blogs (ou 6 e-mails)

Os poetinhas inteligentes

"Eu aceito o formalismo. Agora, eu acho que no Brasil tem um viés absurdo em favor daquilo que designo como poetas inteligentes, os herdeiros de João Cabral e seus maneirismos, em detrimento à poesia de inspiração - que é importantíssima e central na tradição a qual me filio: a ruptura".

"Eu sou a favor da poesia de inspiração na mesma medida em que sou a favor da confusão entre poesia e vida"

"Agora, o que o formalista faz é resolver essa contradição [entre poesia e vida], ao invés de tentar superá-la, cortando o vínculo! Fica só na esfera simbólica, desconhecendo o real. É uma espécie de desvitalização da poesia."

Cláudio Willer, poeta, tardutor e ensaísta. Para conferir a entrevista na íntegra, clique aqui e siga para o Programa Bitniks da TV Cronópios.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

São Luiz da Dona Candinha

Poucos dias para o carnaval. Poucos dias também para terminar o carnaval, graças a Deus. Poucos dias úteis para que o Brasil finalmente abrace o ano de 2008 - de ressaca, é claro.

A simulação abaixo visa retratar brevemente a originalidade na escolha do destino do paulistano descolado, do mundinho da comunicação, para o carnaval. Gente que nasceu com samba no pé! [Orwell, are you listening to me?]

E viva o estereótipo carnavalesco!

Grupo 1 - alunos de Jornalismo e Rádio & TV da Faculdade Cásper Líbero) Vamo aê alugar uma casa em São Luis do Paraitinga! Muito bom, carnaval de marchinha, todo mundo na rua, tudo colorido, bebida barata... uma coisa de raiz, sabe? Ano passado o Decão e o Pedrão levaram um ácido, melhor viagem, cara! Bem melhor que o JUCA! "ÔÔÔÔÔÔ Barbosa..."

Grupo 2 - ex-alunos de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero) A gente alugou uma casa fudida numa fazenda, já tem 4 geladeiras de cerveja! Fica perto de São Luiz do Paraitinga, o melhor carnaval do país! Meu, cê tinha que ver ano passado... foi foda! A gente inventou a brincadeira do apito paralisador - a cidade inteira entrou. Tem o vídeo no Youtube, te mostro. Mas o resto só conto mediante cerveja.

Grupo 3 - alunos de Publicidade da Faculdade Cásper Líbero) Vai ser muito louco! Eu, o Zelão, o Marcão, o Pedrão, a Má, a Fá, a Ju, os caras da Atlética, o Daniel e a mina dele vamo pra São Luiz do Paraitinga. Mó vacilona você! Nem tem rave, é esquema marchinha. "Ôôô, Barbosa!" Já tá tudo lotado, meu...

Grupo 4 - alunos de Relações Públicas da Faculdade Cásper Líbero) Dizem que é mó alternativo esse carnaval de São Luiz do Paraitinga. Vamos? A gente precisa fazer umas coisas diferentes de vez em quando... ano passado eu desfilei na Unidos do Bem na Fita, muito emocionante! Tomara que essa cidade seja assim...

Grupo 5 - professores da Faculdade Cásper Líbero) Eu vou pra São Luiz do Paraitinga com minha mulher e meus filhos pequenos. As crianças precisam ter contato com a cultura brasileira, longe dessa banalização da nudez e da corrosão do samba de raiz. Preciso relaxar, começo meu Pós- Doutorado agora em março. Mas vou te contar que lá em São Luiz, ano passado, eu encontrei o João Vicente, que dava aula aqui. Tava com uma menininha bem mais nova... acho que é ex-aluna. Você sabe de alguma coisa, Paulo?

Grupo 6 - alunos dos cursos de comunicação Universidades Mackenzie, Metodista e FIAM) Vamo fazê pré-JUCA em São Luiz do Paraitingaaaaaaaaaaaa! Vamo pegá várias mina, aeeeeeeeeewwwwww! "Hey, Cásper, vai tomá no cu!"

Grupo 7 - alunos dos cursos de comunicação da PUC e USP) Vai ter um sarau de poesia em celebração à brasilidade nesse carnaval, cara. É em São Luiz do Paraitinga, um carnaval mais humano, sabe? A gente tem que se livrar dessas imposições culturais da Globo em prol do imperialismo americano.

Grupo 8 - alunas de comunicação da FAAP e da Faculdade de Belas Artes) Menina, tem uma luiz ótima lá. Onde? São Luiz do Paraitinga, ora! Fotografei um ensaio bárbaro ano passado com aqueles blocos e marchinhas de rua. É carnaval, né... o povo adora aparecer.

Grupo 9 - alunas de comunicação da FAAP) Ai, meu namorado é da Cásper, esqueceu? Vou viajar com ele pra São Luiz do Paraitinga, mas tô meio assim por causa dos amigos...eles causam muito, meu! E eles são mega-chatos, barrigudos, peludos e barbudos. E tem uma mulherada pés-si-ma! Aquelas gordas bicho-grilo, que parece que não tomam banho... Não tem nem um lounge pra a gente ficar. E você Carol, vai pra Caraíva?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Heath Ledger e o charme singelo

- por Renata D´Elia, para a Revista Paradoxo

Já foi o tempo em que os galãs não podiam ser gays, ao menos no cinema. O bom galã não podia ser bruto nem malvado, precisava de um olhar sexy devastador, e devia estar sempre bem vestido. Clark Gable que o diga. Quer dizer, isso até Marlon Brando e James Dean aparecerem com seus ares rebeldes e sexualidade ambígua, lá pelos anos 1950 e 1960, e virarem símbolos de uma revolução comportamental. São ídolos que atravessam gerações.

Heath Ledger, ator australiano encontrado morto hoje em Nova York, não se encaixa em [quase] nada nos estereótipos de galãs hollywoodianos convencionais. Seu tipo físico não favorece esse status nem na Malhação, nem na Terra Nostra ou em qualquer outra fábrica Global de símbolos “sexuais” [até porque alguns desses símbolos mais parecem bonecos assexuados]. De estatura média e um rosto bonito, mas bastante comum, ele não teve uma carreira meteórica, embora tenha conseguido construir uma imagem favorável com diversos públicos e em diferentes papéis.

Deve ser aquela carinha de menino tímido do colegial, aquele que a gente ama em segredo. A troca de olhares no pátio da escola. A melhor amiga apaixonada pelo bonitão-gostosão, capitão do time de futebol. O primeiro beijo e o primeiro cigarro, com um pseudo-bad boy de 16 anos. Mas o fato é que Heath Ledger, de cabelos compridos e encaracolados, ganhou os pôsteres das revistas teen e os gritinhos histéricos das fãs com sua atuação em 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você [1999], ao lado de Julia Stiles. O que só favoreceu sua ascensão como “galã em potencial” no filme Coração de Cavaleiro, de 2001, outro sucesso pipoca em que ele ensaia suas primeiras caras de mau e encarna um herói valente e destemido.

Ainda sem explosão. Nem como ator, nem como estandarte da beleza hollywoodiana. Talvez sua primeira grande atuação tenha acontecido em A Última Ceia [2001], em que encarna o problemático Sonny, um jovem policial cheio de traumas e problemas com os preconceitos do pai, Hank, vivido por Billy Bob Thorton. A lavação de roupa suja familiar é sempre um desafio para quaisquer roteiristas, diretores e atores; e uma cena de suicídio é sempre quase um suicídio para qualquer intérprete que se preze, mas isso, o jovem Ledger tirou de letra. O suficiente para ser levado a sério dali por diante.

Trabalhando com o talentoso diretor Terry Gilliam em Os Irmãos Grimm[2005], Heath permeou a visão underground do cineasta pela história dos escritores mais lidos pelas crianças do mundo inteiro, mesmo em tempos de Harry Potter. No mesmo ano, ele ainda intepretou o personagem-título de Casanova, um dos maiores garanhões de todos os tempos. Mas ironicamente, o cacife para tanto veio em seguida. Aos 25 anos, ele chegou ao auge da carreira num papel que, em pleno século 21, ainda rende polêmica: um cowboy homossexual no interior da América dos anos 1940, em O Segredo de Brokeback Mountain,de Ang Lee, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2006, como Melhor Ator.

“Ele era o ativo ou o passivo?”, tem gente que ainda pergunta. Ledger poderia ter se tornado “apenas” um símbolo sexual gay ao interpretar um homossexual não estereotipado, em par romântico com outro mais lindo ainda, Jack Twist, vivido por Jake Gyllenhaal. Mas foi a libido feminina a primeira a se render ao mesmo tempo pela sensibilidade e pela macheza daquele personagem. Em Brokeback Mountain, Ledger mergulha nos melindres de Ennis Del Mar, seja no medo de assumir sua orientação, seja em sua renúncia à felicidade e na hibridez de seus relacionamentos. E mais uma vez, o tom adotado na construção do personagem fez toda a diferença.

Homens e mulheres, gays, bissexuais ou héteros, todo mundo já teve um Ennis Del Mar nessa vida. Ou então, já se apaixonou por um passional Jack Twist. Todo mundo já chorou escondido, beijou fotografias ou escondeu um segredo inconfessável. E se não fez, ainda vai fazer. Foi com esses ares demasiadamente humanos que Heath Ledger virou galã, desabrochando um charme másculo e singelo. Ennis se tornou um dos personagens mais sexies do cinema nos últimos tempos.

Ledger, que vivia o vilão Coringa no novo filme do Batman, pode tornar-se agora um junkie, um problemático depressivo, suicida anunciado, ou um quase roqueiro clássico. Um acontecimento midiático, course – “cowboy gay morre aos 28”. Ele, que parecia um partidão para as velhas teenagers, agora amdurecidas. Jovem, talentoso, ousado e competente. Será que deu tempo de fazer escola para os futuros “bonitos-com-simplicidade”? Na atual carência mundial por grandes ídolos, devem fazer dele um novo mito. O bonitinho, no fim das contas, era um bonitão. Mas não chegou a ser ídolo.

Foto: www.heathledgerinfo.com

sábado, 19 de janeiro de 2008

Janeiro de todos os anos

"I absolutely love you, but we´re absolute begginers" - David Bowie


"Don´t be cruel to a heart that´s true" - Elvis Presley


"Preguiça que eu tive sempre de escrever para a família e de mandar conta pra casa que esse mundo é uma maravilha" - Elis Regina (singing Gil)


"Well life ain´t no joke, but it´s good when you smile" - Michael Hutchence.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Pitadas surreais [e uma pancada]

A cor das meias de uma mulher não está obrigatoriamente à imagem de seus olhos, o que fez um filósofo (inútil nomeá-lo) dizer: "Os cefalópodes têm mais razão que os quadrúpedes para odiar o progresso". Max Morise

Sobre a ponte o orvalho com cara de gata se embalava. André Breton

No sono de Rose Sélavy um anão surgido de um poço com ar soturno vem comer seu pão com um moço no horário noturno. Robert Desnos

Nem toda água do mar bastaria para lavar uma só gota de sangue intelectual. Lautréamont

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Por que, por que?

Por que raios algumas pessoas, ao receberem um e-mail, perguntam ao remetente - via MSN, sinal de fumaça ou telefone - sobre o assunto e o conteúdo do e-mail? Não seria mais fácil apenas lê-lo?

sábado, 5 de janeiro de 2008

Os incompreendidos

Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.

Vladimir Maiakóvski, "O poeta operário" (trecho)

Foi dada a largada. And the winners are...