segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Piva sai hoje!

Roberto Piva no Templo Budista Zu Lai/2008. Photo by Renata D´Elia

O poeta Roberto Piva receberá alta do Hospital das Clínicas de São Paulo hoje à tarde, após mais de 30 dias de internação. Ele foi submetido a uma angioplastia para recuperar a função cardíaca. O resultado foi excelente. Em breve, Piva passará também por uma cirurgia de retirada de próstata, mas já numa situação de saúde bem melhor.

Agradecemos aos que torceram por sua recuperação e ajudaram de diferentes formas. Evoé, Piva!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Be My Mafia Family!

Feia sou eu. A primeira -- e única -- edição da revista de poesia Be My Mafia Family! é bonita pra caramba e já vem recheada de boas letras. Pra não dizerem que o blogue-grogue não serve pra nada, vou tratar de reproduzir o e-mail explicativo da progenitora Ana Rusche e dorecionar vocês ao que interessa. Seguraí, brother.

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Be My Mafia Family!
Algo que só poetas vivos fariam por você


Já que a maioria das revistas literárias não dura por muito tempo, Be My Mafia Family! declara logo que não terá um número dois – trata-se de edição única.

A publicação refere-se ao insuportável jogo do facebook e reúne poetas amigos e trocas de interesse, como ocorre a todas as revistas literárias. Ah, em que tempos terríveis vivemos! O assunto é dos grandes: compartilhar fracassos.

Distribuída exclusivamente em formato digital, pode ser lida por qualquer internauta. A novidade é finalmente disponibilizar algo em português para os detentores do Kindle e do Sony Reader.

O lançamento virtual será na quarta-feira de cinzas, o dia em que o ano realmente começa no Brasil, com a presença espirituosa dos mafiosos Ana Guadalupe, Ana Rüsche, Andréa Catrópa, Érica Zíngano, Felipe Sentelhas, Lilian Aquino, Maiara Gouveia, Márcio-André, Paulo Ferraz, Rafael Daud, Renan Nuernberger e Ricardo Silveira.

E, para não dizer que tudo só fica no virtual, em São Paulo, sábado (20.02), quem quiser está convidado a debulhar seus fracassos em voz alta no karaokê da Liberdade (Rua da Glória, 523, a partir das 20h).

Be My Mafia Family!
Revista Eletrônica.
Poesia. Grátis, 16 p.

Direitos autorais livres para uso não-comercial.

O arquivo estará disponível para download em:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O fator Conrad Murray

Mesmo após Conrad Murray, médico pessoal de Michael Jackson, ter sido indiciado por aquele homicídio culposo que aconteceu em 25 de junho de 2009, na casa do cantor, em Los Angeles, nenhuma sensação de justiça pairou sobre os fãs ou sobre o famoso clã. A pena máxima, segundo a lei da Califórnia, é de 4 anos para crimes definidos por imprudência ou imperícia, em que não há intenção de matar. Mesmo que tamanha imprudência e imperícia pareçam propositais: de acordo com aos resultados da necrópsia divulgados na íntegra pelo TMZ, o cantor teve uma parada cardiorrespiratória provocada pelo excesso de medicamentos perigosos, ministrados em doses cavalares e concomitantes, que sequer deveriam ser aplicadas fora de um centro cirúrgico. O laudo também informa que o estado de saúde geral de Michael Jackson era bom, apesar de toda aquela papagaiada de plásticas e outros exageros.

Ora, Michael Jackson era mesmo um cara genial: a América, afinal, é um imenso país de mortos-vivos narcotizados mais assustadores que os zumbis de Thriller. Aliás, as doses absurdas de remédios que ele tomava eram receitadas por doutores badalados de Hollywood. Com tanto dinheiro no bolso, não foi o primeiro nem o último a se intoxicar com uma cacetada de drogas lícitas que, nessa América mórbida, só não vão matar a máfia podre de colarinhos brancos por trás da indústria farmacêutica. Traficante que se preze não consome o que vende, certo?

Alguns vão à falência. É o caso do dermatologista Arnold Klein, outro médico pessoal de Michael Jackson, que quase foi despejado poucos meses após a morte do cliente mais lucrativo. Conrad Murray, ao que tudo indica, era um cara legal que se envolveu com várias mulheres e se encheu de filhos e de pensões a pagar. Suas dívidas estavam estimadas em mais de 700 mil dólares quando Michael Jackson lhe ofereceu um emprego como médico pessoal por um salário de 150 mil dólares mensais. Paciente mimado, pressionado pela roda do showbizz, com histórico de dependência química, pagando especificamente por drogas prescritas? Sim, pode ser. Mas aceitar o trabalho sujo é assumir o comando da bocada. Murray assinou seu contrato de prostituição. E além de tigrar feio, tigrou com quem não devia.

Após o indiciamento, o Conselho de Medicina da Califórnia pediu a revogação da licença médica de Murray alegando "desprezo pelo bem-estar das pessoas confiadas a seu cuidado", mas o juiz , ironicamente, apenas proibiu o médico de prescrever anestésicos. E os americanos continuam longe de frear essa pandemia estimulada por curandeiros salafrários oriundos das grandes universidades. Espero apenas que, dentro do possível, a justiça seja feita e que os filhos de Murray e Jackson consigam ter alguma paz daqui para frente.

Foto: Conrad Murray em frente ao túmulo de Michael Jackson no cemitério Forest Lawn/TMZ. Sim, ele foi lá. Tire suas conclusões.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

#musictuesday

Baita negona
Não é a melhor coisa do mundo, mas é bom demais. Soldier of Love -- novo disco de Sade Adu & sua bela banda -- perde pros anteriores, que eram, digamos, mais sexies. Tá bem baladento, pra falar a verdade. Mas isso não precisa ser ruim. Eu apenas prefiro a pegada poderosa de Paradise ao vivo, ainda mais quando lembro da Rita, da Raquel, do Greg, da Dan e da Lúcia na minha casa, dançando na sala com o DVD dela ao vivo nos anos 1990. Danila de olho no baixista inglês com charme clichê latino. A Lúcia dizendo que a barriga de Sade não era tão malhada assim. E nós todos tapando a boca da Lúcia dizendo que "Sade sim, é uma bata negona, sua doida!". Os destaques de Soldier Of Love ficam com a bela faixa-título e com as sinuosas Bring Me Home e Skin. Atenção Som Livre: botem esse disco em doses homeopáticas nas trilhas das novelas! A freguesia vai adorar.


Orgulhinho de mamis e papis
Nunca fui lá muito chegada no Beck, mas caso pudesse encontrá-lo hoje, lhe daria um grande abraço de parabéns. O disco que ele produziu para a belíssima Charlotte Gainsbourg, IRM, é dos melhores dos últimos tempos. Mesmo. Filha de Serge Gainsbourg e Jane Birkin, a mulher já nasceu duas coisas: francesa e cool. Faltava deixar uma marca mais genuína no mundo, para além do toque vocal sexy-chic nas colaborações anteriores com Jarvis Cocker (juro que não tenho paciência pra ele) e Air. Beck compôs as canções, Charlotte escreveu as letras. Mas o disco não tem nada da habitual atmosfera beckiana de barulhinhos modernosos e temas fascinantes para um geek jeitoso. O lance aqui é botar arranjos orquestrados sofisticados junto a cordas e batidas mais pops para atingir um resultado... hipnótico. Não exatamente depressivo, se é que vocês me entendem, porque tem até canções mais alegrinhas, como Heaven Can Wait e Me And Jane Doe. Mas Charlotte garante: a inspiração veio após um diagnóstico de hemorragia cerebral, da qual saiu ilesa. As letras dão na cara, pelo menos é o que diz quem fala francês. Eu apenas vou na deles. E me dou bem. Escute já: Le Chat Du Café Des Artists e IRM.


A terceira coisa é o pai
Eu tinha bode com o Serge Gainsbourg, mas isso passou faz alguns meses. Deve ter sido minha velha implicância com o cinema francês, que muito breve desaparecerá também. Mas agora eu dei de ouvir e ver Live au Casino de Paris, e já ficamos íntimos. Gravado em 1985, o anti-herói mais amado da França passeia pelo reggae, rock, blues e pelos meandros da canção pop francesa que ele mesmo moldou. Nem preciso indicar mais nada. Procure Gainsbourg pai, com ou sem Jane Birkin e Catherine Deneuve, e acomode-se sem pressa no clichê: uma taça de champanhe do lado e umas ideias nasty na cabeça. Escute já: Sorry Angel, Nazi Rock e Je Suis Venu Te Diré Que Ja M´en Vais.