quinta-feira, 15 de maio de 2008
Revelação
Do outro lado da rua existe a caixa farta de desejos ocultos - o espelho de Alice, o Aleph, o olho de Bataille, e um profundo saco de feijões gordos suavemente penetráveis pelas nossas mãos e braços afundados até os cotovelos [costumávamos brincar de montar parzinhos claros e escuros, lembra?]; o grande problema, no entanto, ainda é escolher os grãos. Da próxima vez, metamos logo as cabeças do topo ao pescoço. Do outro lado da rua também fica o campo de centeio, mas quase ninguém vê. Aqui dentro agora faz um frio de doer, e além do mais ultimamente só temos pisado sobre objetos pontiagudos, enquanto nos lambuzamos com qualquer coisa doce-amarga que não preste, sorrindo feito hienas. A travessia é curta. Por isso mesmo, será mais fácil darmos as mãos.