Disseram ter visto um novo
Hiram Keller em Florianópolis, no último feriado. Caminhando impávido pelo vendaval, talvez. Não sei. Deve ter sido o ciclone ou o vinho que subiu, embaralhando as idéias de todos momentaneamente, mas de fato, não o encontrei. [Minha vocação bacante permanece guardada, por supuesto].
A personificação da beleza era ele,
Ascyltus. O homem que ergueu a espada para roubar Gitão, o andrógeno perfeito interpretado por
Max Born. O próprio Keller, Hiram. Cabível ainda chamá-lo de
Eros, pelo menos em imagem e semelhança. Já morreu, pelo que me consta. Ele, os olhos, a boca e a pele. "O rosto", diziam.
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Ator britânico de formação teatral, foi "achado" por
Federico Fellini ali pelas bandas de Londres em 68, como personagem da peça
Hair. Ele e
Martin Potter - o ora parceiro, ora rival
Encolpio, são os dois mais belos romanos que peregrinam pela sociedade dos escravos libertos em
Satyricon, adaptação do livro homônimo e inacabado de Petrônio. Filme produzido por Alberto Grimaldi, o mesmo da mágica
Trilogia da Vida de Pier Paolo Pasolini.
Nos Estados Unidos, aliás, nomearam a película como
The Degenerates, vejam só. Andaram esquecendo também essa fase do cinema felliniano, que comporta também seu longa
Roma, realizado em seguida. Aliás, aquela Roma onírica e amoral "before Christ, after Fellini", também não vi mais ninguém pintar igual. Mas por minha conta, sigo procurando por Ascyltus & Encolpio por aí.