Não, não se trata da Festa do Sabão da Trash 80´s. Nem do Balão Mágico, nem Bozo, nem Xuxa, ou a mala-evangélica da Mara Maravilha (mensalista da mesma lavanderia que eu), ou qualquer outro pé na jaca,direto da nossa infância. Mas a coisa aqui tem os dois pés no rádio.
Não se trata de simplificar demais, mas de fato, é uma mais óbvia que as demais. Porém, de valor inegável.
1) Sinead O´Connor - "Nothing Compares 2 U"
Embora tenha sido lançada em 90, a canção é muito mais 89 que qualquer outra coisa. Sinead recusou o convite para a festa. Raspou a cabeça. Arrancou a maquiagem. Firmou a câmera num tripe diante de si, com fundo negro e pele branca, e cortou o plano pela metade. Depois chorou pela morte da mãe e deu vida à mais romântica e sincera composição do gênio Prince. Desperdiçou milhões de dólares alheios, que seriam investidos na propaganda enganosa dela mesma. Faturou outros milhões e emplacou um dos maiores hits das últimas décadas. Tentou se matar. Rasgou a foto do papa. Confinou-se no hall dos incompreendidos. Musa às avessas.
2) David Bowie - "Absolute Begginers"
Ao vivo na BBC em 2000. Bowie, David. "O rock n´roll é uma das fine arts".
Ive nothing much to offer/Theres nothing much to take/Im an absolute beginner/And Im absolutely sane/As long as were together/The rest can go to hell/I absolutely love you/But were absolute beginners/With eyes completely open/But nervous all the same/If our love song/Could fly over mountains/Could laugh at the ocean/sail over heartaches second time/Just like the films/Theres no reason/To feel all the hard times/To lay down the hard lines/Its absolutely true
3)Joy Division - "Love Will Tear Us Apart"
A canção preferida de toda uma geração, depois outra, e agora outra. O drama epiléptico de Ian. As dores do mundo de Ian. A luz e as trevas de Ian. A morte-viva de Ian. O fantasma de Ian entre nós. Control.
4) The Smiths - "There is a Light That Never Goes Out"
A sublime obra-prima de Morrisey. Indiscutível. Acima em versão ao vivo, por Noel Gallagher.
5) U2 - "I Still Haven´t Found What I´m Looking For"
Julia Roberts está fugindo. Ofegante, vestida de noiva, montada num cavalo preto, cavalgando pela relva americana de um filme americano com final feliz para ver no cinema à luzes apagadas e som estéreo em alto volume. Acima em versão gospel, direto de Rattle and Hum.
6) Soda Stereo - "Un Misil en Mi Placard"
Aqui, na versão acústica gravada em Miami, do álbum "Comfort Y Música Para Volar", que eu ganhei, emprestei, e nunca mais vi. Faltou grana & tempo, time is money. Não ia ser a primeira nem a décima volta triunfal caça-níquel de banda alguma que eu veria ou deixaria de ver. "O Police argentino". Balela. Por isso mesmo, importante. Pop-rock de qualidade a gente não pode desprezar. Tem que dar graças a Deus que exista.
7) Paralamas do Sucesso - "Quase Um Segundo"
Pra não dizer que não falei do Herbert.
8) INXS- "Never Tear Us Apart"
De quando fiquei apaixonada pelo Michael Hutchence
9) Billy Idol - "Eyes Without a Face"
Para ouvir repetidas vezes num vôo bêbado de São Paulo a Lisboa, "rádio TAP". Por falta de opção ou masoquismo mesmo. A saudade é forte.
10) Duran Duran - "Save a Prayer"
Para cantar às 2 da manhã, num karaokê da Liberdade, e ouvir coros. Com o agravante de um ex-namorado que assistiu a um show de Simon Le Bon & cia numa viagem à Disney. (Pode rir agora). Toma aí a versão live in Rio.
4 comentários:
A lista dos anos 80 daria fácil umas 50 músicas. Acho que o soda stereo e o u2 eu dispensaria. No lugar, colocaria algum new order e depeche mode. Ou Suzanne Vega (falando nisso, o show é agora, dia 29, vivaaaa!!!). Ou tanta coisa...
:D
Quer dizer que eu vou ganhar uma resenha de presente, tio Hélio?
Nega, vc é uma caixa de memória ambulante. Não sei o que vc faz pra lembrar de tanta coisa e não se esquecer nunca! Quantos detalhes!
Eu acho que os 80 para mim foram realmente a década perdida. Eu não tinha discernimento pra nada e só via Xuxa! Mas tudo bem, o tempo passou e as coisas melhoraram. Serve se eu disser que mamãe tinha um disco do A-Ha?
Sobre a tua paixão Hutchence não vou falar aqui por respeito aos mortos, mas eu sou mais Bob Geldof (vide a matéria da Rê no Guia da semana).
Em troca, eu posso falar sobre minha paixão: Sinèad. Nossa, aquela cena dela cantando e chorando continua me arrepiando como se fosse o primeiro dia.
Eu adoro curtir tuas listas, que hablan de vos, mas do que comparar com as hipotéticas minhas. Mas também adoro quando coincidimos rsss
Postar um comentário