quinta-feira, 22 de março de 2007

Coppola Antonieta

De fato, "Maria Antonieta" agrada aos fãs de Sofia Coppola e não aos admiradores da lendária Rainha da França. Historiadores e alguns biógrafos têm seus motivos para arrancar os cabelos. Que o digam os franceses, que andam pedindo a cabeça (sic) da diretora americana. Para eles, o filme não passa de uma grande piada de mau gosto. Me arrisco a dizer que a piada foi proposital. Que tal transcender a idéia de "superficialidade"?

Desde "As Virgens Suicidas" é evidente que a diretora se expressa pelos olhos das personagens principais dos filmes - sempre mulheres solitárias e incompreendidas. A mais interessante delas é Charlotte, de "Encontros e Desencontros". Mas está aí a riqueza desta Maria Antonieta, interpretada por Kirstin Dunst. Não é o mártir que interessa. Nem a Revolução Francesa.

Sofia Coppola conheceu a vida de Maria Antonieta através da historiadora Evelyne Lerner, e foi asesssorada por ela desde a primeira vez que pisou no Palácio de Versailles, em 2001. Mesmo assim, a diretora teve problemas com a pesquisa histórica e por isso protelou a realização do filme, colocando "Encontros e Desencontros" no lugar. Sofia se recusou a ler a mais famosa biografia da rainha, escrita por Stefan Zweig, por considerá-la rigorosa demais.

O resultado é uma visão peculiar da personagem histórica. A degola não aparece. Mas e daí? Trata-se de Sofia Coppola desmitificando a a rainha. Maria Antonieta é tão "humanizada", que parece simpatizar com o Tratado Social de Russeau enquanto o lê, deitadinha no jardim. Sua alienação política dá lugar a um gesto de amadurecimento no episódio da Queda da Bastilha, em que a rainha se mostra uma corajosa companheira de Luis XVI, depois de tanta desaprovação social.

O deleite aos que simpatizam com a carreira da diretora, fica por conta não somente dos figurinos e do visual, mas pela trilha sonora. Tem seus pés no kitsch, mas confesso que é maravilhoso assistir a uma ambientação do século XVIII ao som de New Order, Siouxsie & The Banshees, e Gang of Four. (Valeu, Sofia!)

E como referência é tudo nessa vida, sugiro aos mais atentos que prestem atenção na feiosa sem modos, cortesã do rei Luis XV, Madame Du Barry. A atriz é Asia Argento, diretora de filmes independentes e filha do mestre do terror, Dario Argento.

4 comentários:

Vinicius Aguiari, disse...

ola renata, muito bom seu blog, parece me que vc he bastante fa da sofia, nao vio filme ainda, mas ele chegou ao brasil bastante atrasado, depois de ter sido ameacado de nem entrar em cartaz, de uma passada no meu blog, vamos trocar um link em breve, valeu!!!

Anônimo disse...

Gostei, me deu vontade de assistir...

Ariel disse...

Muy buena nota.
Interesante sobre todo el proceso de investigación de Sofía.

descompassada disse...

o comentário não foi. pena. repito.
maria antonieta cheira sofia, cheira música da boa, cheira bom cinema.