Não esqueci da PJ Harvey, musa habitual em toda casa que se preze. Seu disco "Let England Shake" veio a calhar com a crise europeia e a tonelada de protestos na Inglaterra no ano do casamento do Príncipe William com a plebeia Kate Middleton. É a cantora mais cultuada da Inglaterra depois de Kate Bush -- num hype diferente de Amy Winehouse e Adele -- e uma das mais inventivas e iconoclastas em atividade. Dá pra entender o peso de um disco conceitual ora político, ora afetivo, às vezes orgulhoso, lançado por ela.
A morte, a honra, a guerra e seus guerreiros estão lá, mas de um jeito feminino, com arranjos vocais corajosamente sofisticados para uma vocalista que não é das mais técnicas, mas que acerta no tom. Bandolins se misturam a cornetas, violões, guitarras, instrumentos de sopro e aquela harpa muito louca que eles chamam de "autoharp" (ainda não chegou na Santa Ifigênia, acho). E assim nós temos mais um pedacinho de arte que se afasta do pop tradicional e que por isso não vai ser trilha sonora do nosso verão fácil & colorido. Mas vale as audições introspectivas e desencanadas.
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