Na tevê, o mais velho dos doze monges de uma seita oriental apresenta sua doutrina de desapego total dos bens materiais, dos prazeres mundanos, dos hábitos cotidianos, dos valores ocidentais, da beleza exterior, das drogas, do sexo e do rock n´roll.
O mesmo monge defende que, espiritualmente, os seres não têm sexo e justifica o respeito e a acolhida aos homossexuais pela seita em questão. "O único requerimento de nossa parte, é reforçar que [os homossexuais] realmente se desapeguem [???], pois para eles é mais difícil se desvencilhar do corpo".
Se como diria o poeta Roberto Piva, "não tem problema de comportamento, o que existe é problema de cultura", torna-se plausível ressaltar as contradições do discurso acima. Os preconceitos sobre determinados estereótipos são tão intrínsecos que, mesmo sob o pretexto da espiritualidade, aqueles que teoricamente gozam do desapego aos estreitos conceitos que combatem, tornam a proliferar, mesmo sem intenção, essas mesquinhas convenções sociais.
É necessário, no entanto, que se aplique um outro desapego universal: da bruta mania de atirar sempre a primeira pedra sobre os preconceitos dos outros. Os nossos também vivem, e estão prontinhos a nos pregar peças. Na dúvida, melhor matá-los de vez.