Quando pela primeira vez vi Charlton Heston, ele era o mais forte dos seres. O nobre Judah Ben-Hür das penitências à glória, judeu convertido em cristão, o homem do lar destruído - e depois restaurado, prova viva do "milagre da fé". O grande herói de uma história para guerreiros e carolas, e para os amantes de aparatos "grandiosos", por assim dizer.
Charlton Heston, aka Ben-Hür, foi mandado às galés [veja trecho] e escravizado pelos romanos. E então, era o homem das coxas enormes que se contraíam e descontraíam para alimentar o sadismo dos vilões de olhos perversos em suas sainhas de couro & armaduras de lata. Eram dele os exaustos ombros largos. Era ele o mito de expressão cansada e olhar sóbrio - que com os braços ajudava a mover um navio inteiro, noutro gesto de superação.
Era o marido que pedi a Deus. Não só eu, como seu traidor Messalla e pelo menos outros dois manda-chuvas romanos naquelas 3 horas cinematográficas de martírio, redenção e muitos olhos azuis. Mas nesse caso, nem Heston, nem Ben-Hür pareciam se dar conta, afinal eram cristãos, homens puros, e que ainda pagavam o pato do pecado original.
E foi então que Charlton Heston caminhou cego até vestir a carapuça que usou até o fim. Goodbye.