O mais interessante sobre Paul Hewson é que, até meados dos anos 1980, nunca nenhum vocalista baixinho, fortinho e desengonçado havia se tornado ícone do rock. Que raio de moda um irlandês narigudo, sotaque caipira, peludo e meio chuby seria capaz de lançar? Depois de Elvis Presley e Mick Jagger, ninguém apostaria 10 dólares num sex symbol que não serve de cabide, não sabe fazer um shaking hips e transpira feito um porquinho rosado enquanto hasteia uma bandeira branca berrando "no more! sing, no more! wipe your tears awaaaaay!"
Paul Hewson é mal diagramado. Pós-punk desajeitado. Já teve mullets, salto alto, chapéu de caubói e estampa de oncinha. Já se vestiu de MacPhisto, de Mosca, de cyber musculoso maluco. Tem pança de pochete há pelo menos 20 anos. Suas mãos parecem pães de queijo. Bono mais parece um pão de queijo. Faz o genro militante mala. Faz o namorado engraçado, debochado. Faz o marido rico e o tiozinho batuta que ensina a molecada a fumar escondido. Faz um par de olhos azuis, assim meio bêbados, que não existem no mundo assim tão fácil.
Paul Hewson nasceu na Irlanda em 10 de maio, no mesmo ano que o meu pai.
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