- e espalhados pelo palco, os cinco Rolling Stones da Inglaterra, que se moldaram nos Beatles, só que numa deformação mais vulgar. Um deles, Brian Jones, tem uma cabeleira bem Beatle.
´Oh Andy, olha o Mick! Ele não é lindo? Mick! Mick!'
No centro do palco, um rapaz baixo e magro de suéter de malha, com a gola quase caindo por cima dos ombros, cabeça enorme...com o cabelo cobrindo a testa e as orelhas, esse cara tem uns lábios fora do comum. São dois lábios peculiarmente grossos e de um vermelho extraordinário. Dois lábios que pendem do rosto como miúdos de frango. Seus olhos se derramam lentamente sobre a horda de menininhas com uma suavidade digna de xarope Karo e então se fecham, e depois começam a se abrir no mais lânguido, mais íntimo, mais molhado, mais labial, mais concupiscente sorriso que se possa imaginar. Nirvana! As menininhas gritam histericamente, agitando os braços em direção ao palco.
Elas vivem uma experiência mística. Ficam em pé nos assentos. Começam a berrar, inclusive entre as músicas. As expressões em seus rostos! Interiamente extasiadas! Ali, bem ali, debaixo das luzes sulfurinas, estão eles. Meu Deus, eles estão bem ali! Mick Jagger, com suas mãos tábidas, agarra o microfone e aproxima dele sua cabeça gigantesca, abre aqueles lábios de miúdos de frango e começa a cantar... com voz de crioulo. Exagerada. Bo Diddley. You movoung boo meb bee-uhtul, bah-bee, oh vonna breemb you´honey snurks oh crim pulzy yo'mim down - e fazendo um novo trejeito, virando-se para as menininhas histéricas com seus lábios de miúdos dissolvendo-se..."
TOM WOLFE, em The Kandy-Kolored Tangerine - Flake Streamline Baby. Com tradução (já bastante antiquada - por isso dei uma recauchutada) de Luiz Fernando Brandão para a L&PM na coletânea Décadas Púrpuras, 1989, sob o título de A Garota do Ano. O texto integral é na verdade um perfil histórico e brilhantemente escrito sobre Baby Jane Holzer -- a proferidora das aspas entusiasmadas sobre Mick e os Rolling Stones -- musa de Andy Warhol. Publicado originalmente na Revista New York, do jornal The New York Herald Tribune, em 6 de dezembro de 1964.
´Oh Andy, olha o Mick! Ele não é lindo? Mick! Mick!'
No centro do palco, um rapaz baixo e magro de suéter de malha, com a gola quase caindo por cima dos ombros, cabeça enorme...com o cabelo cobrindo a testa e as orelhas, esse cara tem uns lábios fora do comum. São dois lábios peculiarmente grossos e de um vermelho extraordinário. Dois lábios que pendem do rosto como miúdos de frango. Seus olhos se derramam lentamente sobre a horda de menininhas com uma suavidade digna de xarope Karo e então se fecham, e depois começam a se abrir no mais lânguido, mais íntimo, mais molhado, mais labial, mais concupiscente sorriso que se possa imaginar. Nirvana! As menininhas gritam histericamente, agitando os braços em direção ao palco.
Elas vivem uma experiência mística. Ficam em pé nos assentos. Começam a berrar, inclusive entre as músicas. As expressões em seus rostos! Interiamente extasiadas! Ali, bem ali, debaixo das luzes sulfurinas, estão eles. Meu Deus, eles estão bem ali! Mick Jagger, com suas mãos tábidas, agarra o microfone e aproxima dele sua cabeça gigantesca, abre aqueles lábios de miúdos de frango e começa a cantar... com voz de crioulo. Exagerada. Bo Diddley. You movoung boo meb bee-uhtul, bah-bee, oh vonna breemb you´honey snurks oh crim pulzy yo'mim down - e fazendo um novo trejeito, virando-se para as menininhas histéricas com seus lábios de miúdos dissolvendo-se..."
TOM WOLFE, em The Kandy-Kolored Tangerine - Flake Streamline Baby. Com tradução (já bastante antiquada - por isso dei uma recauchutada) de Luiz Fernando Brandão para a L&PM na coletânea Décadas Púrpuras, 1989, sob o título de A Garota do Ano. O texto integral é na verdade um perfil histórico e brilhantemente escrito sobre Baby Jane Holzer -- a proferidora das aspas entusiasmadas sobre Mick e os Rolling Stones -- musa de Andy Warhol. Publicado originalmente na Revista New York, do jornal The New York Herald Tribune, em 6 de dezembro de 1964.
Um comentário:
Caralho, eu adoro o jeito deles de narrar as cenas...
voltarei a reler jornalismo literário americano!
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