quarta-feira, 19 de março de 2008

Marzo, 2008

As coisas estavam difíceis mas o alcance era possível, como sempre. Eram apenas os mesmos gatos gordos & orgulhosos que se lambem sem parar. Depois vieram as burocracias weberianas e o meu crime de Joseph K. E foi então que eu virei essas mãos magras, nuas e brancas na cara pálida na inércia, vomitei a nossa ordem nas caretices da lei - e não morri; enfrentei um touro velho e depois outro e depois todos e agora estamos marcados pelos mesmos ferros em brasa dos direitos iguais.

Ganhei de presente um disco vazado do Portishead feito para se ouvir com lágrimas ao volante nas madrugadas chuvosas e frias das avenidas vazias via zona-sul-zona-norte-zona-neutra-zona-segura-zona-pura-zona-dura. Fez frio. Fez-se a cólera de Raduan Nassar, fez-se a fábula pasoliniana de "Gaviões e Passarinhos" (às 7 da manhã, numa doce e amada ressaca) e antes de tudo fez-se o riso e a brincadeira, os abraços e as canções. Nosso velho vigor jovem à mostra com alguma acne prá legitimar.

Esses sonhos - já os acordei. Furei de leve os dedos e arei com sangue as terras d´além mar, o que segundo os velhos sábios, faz a fartura brotar. O carimbo do gavião & [quase] todos os xamãs, as doces surpresas de cada dia, o trabalho árduo por vir e aquele leão que já matei, os beijos todos e as costas suadas para confirmar que eu fiz, eu faço, eu posso e nós acontecemos: botei tudo numa caixa e parti ao teu encontro na linha de chegada.