Capa da revista Q de dezembro
Na semana em que Bono falou à Rolling Stone americana sobre a possibilidade do U2 acabar em 2012, a rádio Kiss FM resolveu ligar para minha amiga Evelyn Vavassori para saber se a notória fã zonanorteña, que já teve o maior fã-clube da banda no Brasil, estava triste com a notícia. "O fato do RPM ainda estar na ativa é muito mais triste do que o fim do U2", respondeu ela, para as gargalhadas do outro lado da linha.
Podem espernear à vontade, mas seja lá qual for o destino da banda, são pelo menos 5 os álbuns do U2 a figurar entre os indispensáveis: Boy (1980), War (1983), The Unforgetable Fire (1984), The Joshua Tree (1987 -- longe de ser meu favorito) e Achtung Baby (1991). O último da lista acaba de ganhar mais uma prova de relevância e longevidade com Ahk-toong Bay-bi Covered, álbum comemorativo de 20 anos lançado com exclusividade pela revista britânica Q, de dezembro.
As faixas ganharam novas versões assinadas por Patti Smith, Jack White, Depeche Mode e The Killers, entre outros. O maior desafio parece ter sido fugir das assinaturas e traços instrumentais do grupo, a começar pelas guitarras cortantes de The Edge e pelos falsetes de Bono. Mas o resultado geral é positivo e até surpreendente em algumas releituras.
A abertura ficou com o Nine Inch Nails, abusando dos efeitos eletrônicos para atualizar a sempre jovem Zoo Station. O clima de esquenta pré-balada prossegue com o remix de Even Better Than The Real Thing pelo DJ Stuart, sob alcunha de Jacques Lu Cont. Entram piano e violão para a interpretação compenetrada de Damien Rice em One. O histrionismo solar da versão original de Until The End Of The World dá lugar a uma pegada folk e instantaneamente cult da musa punk Patti Smith. O Garbage também baixa o tom, mas insere um clima mais pesado e hi-tech, imprimindo a marca da banda em Who's Gonna Ride Your Wild Horses.
A decepção fica com o Depeche Mode e sua versão excessivamente sintética de So Cruel, com direito a uns 30 moduladores de voz para peneirar a performance meio acima do tom de Dave Gahan. O irlandês Gavin Friday, sempre na bota do U2, surge com The Fly em mais um momento-conceito de pura robótica musical, levando a sério demais o conceito futurista da coisa. Quase toda a vida de Mysterious Ways se esvai no clima mais experimental já criado pelo Snow Patrol. Trying to Throw Your Arms Around The World, provavelmente a mais fraca do disco, ganha potencial pra agradar adolescentes na versão do The Fray. Mas o repertório só volta a crescer com a participação do Killers em uma corajosa performance de Ultra Violet, que começa com cara de Freddie Mercury e embarca sem contramãos numa repaginada vibrante e grandiosa, respeitando a pegada original.
Os escoceses do Glasvegas, por sua vez, se apegam à velha forma de Acrobat e acabam por apresentar a versão menos inventiva do disco, com direito a um trabalho de guitarra bem próximo ao de The Edge e vocais agressivos que pouco agregam às emoções de 1991. A postura de Jack White é exatamente contrária, transformando a quase fúnebre Love Is Blindness num espetáculo cômico e explosivo, que cruza Tom Jones com Robert Plant. E era exatamente o que se esperava dele. Quanto tempo você vai demorar pra devorar todo o resto?
As faixas ganharam novas versões assinadas por Patti Smith, Jack White, Depeche Mode e The Killers, entre outros. O maior desafio parece ter sido fugir das assinaturas e traços instrumentais do grupo, a começar pelas guitarras cortantes de The Edge e pelos falsetes de Bono. Mas o resultado geral é positivo e até surpreendente em algumas releituras.
A abertura ficou com o Nine Inch Nails, abusando dos efeitos eletrônicos para atualizar a sempre jovem Zoo Station. O clima de esquenta pré-balada prossegue com o remix de Even Better Than The Real Thing pelo DJ Stuart, sob alcunha de Jacques Lu Cont. Entram piano e violão para a interpretação compenetrada de Damien Rice em One. O histrionismo solar da versão original de Until The End Of The World dá lugar a uma pegada folk e instantaneamente cult da musa punk Patti Smith. O Garbage também baixa o tom, mas insere um clima mais pesado e hi-tech, imprimindo a marca da banda em Who's Gonna Ride Your Wild Horses.
A decepção fica com o Depeche Mode e sua versão excessivamente sintética de So Cruel, com direito a uns 30 moduladores de voz para peneirar a performance meio acima do tom de Dave Gahan. O irlandês Gavin Friday, sempre na bota do U2, surge com The Fly em mais um momento-conceito de pura robótica musical, levando a sério demais o conceito futurista da coisa. Quase toda a vida de Mysterious Ways se esvai no clima mais experimental já criado pelo Snow Patrol. Trying to Throw Your Arms Around The World, provavelmente a mais fraca do disco, ganha potencial pra agradar adolescentes na versão do The Fray. Mas o repertório só volta a crescer com a participação do Killers em uma corajosa performance de Ultra Violet, que começa com cara de Freddie Mercury e embarca sem contramãos numa repaginada vibrante e grandiosa, respeitando a pegada original.
Os escoceses do Glasvegas, por sua vez, se apegam à velha forma de Acrobat e acabam por apresentar a versão menos inventiva do disco, com direito a um trabalho de guitarra bem próximo ao de The Edge e vocais agressivos que pouco agregam às emoções de 1991. A postura de Jack White é exatamente contrária, transformando a quase fúnebre Love Is Blindness num espetáculo cômico e explosivo, que cruza Tom Jones com Robert Plant. E era exatamente o que se esperava dele. Quanto tempo você vai demorar pra devorar todo o resto?
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