segunda-feira, 8 de outubro de 2007

É essa a sua revolução?

"Em Havana, nos últimos meses, começou a aparecer um estranho e asqueroso fenômeno, entre grupos de jovens e gente não tão jovem assim. Eles começaram a exibir, em atos vergonhosos, uma vida cheia de modos extravagantes, encontrando-se uns com os outros na área de La Rampa, sentido oposto ao the Capri Hotel".

Fidel Castro, em discurso nos anos 60.

"Reinaldo, muitas vezes, aqui em Cuba, teve a intenção de suicidar- se. Levou sua vida com rebeldia o mais longe que conseguiu, mas no fim se suicidou [durante o estágio terminal de Aids]. De alguma forma, sua vida inteira foi um grande e maravilhoso ato de suicídio".

Ingrid González, atriz cubana, sobre o escritor Reinaldo Arenas, perseguido, preso e torturado pelo regime de Fidel Castro entre os anos 60 e 80.

"Meu nome agora, nesse momento é Reinaldo Arenas. Sou um escritor cubano, exilado em Nova Iorque. Me dedico a viver e a sobreviver. Sou um chamado "dissidente", em todos os sentidos, porque não tenho religião, sou homossexual, e ao mesmo tempo sou anti-Castrista. Ou seja, reúno todas as características para jamais ver um livro meu publicado, e para viver às margens de qualquer sociedade, em qualquer lugar do mundo".

Reinaldo Arenas, 1989. Poeta e romancista perseguido, expulso de Cuba e condenado ao exílio em 1980, foi preso e mantido condições desumanas, além de trabalhar como escravo em campos agrícolas, sem acesso ao fantástico-democrático-eficientíssimo sistema de saúde público cubano. Teve a sua autobiografia "Antes que anoiteça" adaptada para o cinema em 2001, com o espanhol Javier Barden no papel principal. Direção de Julian Schnabel. A tradução do título foi feita erroneamente no Brasil como "Antes do Anoitecer".

Voluntad de vivir manifestandose"


Ahora me comen.
Ahora siento cómo suben y me tiran de las uñas.
Oigo su roer llegarme hasta los testículos.
Tierra, me echan tierra.
Bailan, bailan sobre este montón de tierra
y piedra
que me cubre.
Me aplastan y vituperan
repitiendo no sé qué aberrante resolución que me atañe.
Me han sepultado.
Han danzado sobre mí.
Han apisonado bien el suelo.
Se han ido, se han ido dejándome bien muerto y enterrado.
Este es mi momento.

Reinaldo Arenas

(Prisión del morro. La Habana, 1975)

* aspas retiradas do documentário "Seres Extravagantes", de Manuel Zayas.

4 comentários:

Iceman disse...

http://www.stopwhisperingstartshouting.blogspot.com/

Anônimo disse...

Delia, quer o DVD do Schnabel? Tenho esse e o "Basquiat". Te vejo mais tarde, beijos!

Anônimo disse...

mar do caribe, rê...

André Raboni disse...

Olá, Rê!

Links do meu blog:

Materialistas históricos incoerentes:

http://acertodecontas.blog.br/politica/materialistas-homenageiam-um-espirito-e-um-ideal/#comments

Debate entre prefeituráveis de Bogotá:

http://acertodecontas.blog.br/politica/morrendo-pela-boca-feito-peixe/

Saudações e, bons fluidos!