quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Surrealistic Pilots

Há cerca de um ano tomei conhecimento sobre a obra do psicólogo, escritor, dramaturgo e cineasta chileno - de expressão mexicana, Alejándro Jodorowsky. O responsável pela introdução foi Marcos Sposito, com quem compartilho certa predileção por trilhas sonoras de filmes B dos anos 60,70 e 80. "Como assim, você nunca assistiu Santa Sangre?". Confesso que nunca, até então.

Finalmente assisti Santa Sangre após eu e Paul Henry termos prometido o filme de presente ao poeta Roberto Piva. Baixei o DVD duplo com todos os extras e me deparei com um inusitado encontro entre Jodorowsky e alunos do curso de cinema de uma universidade americana. Num inglês sofrível, o diretor falava sobre a grande dificuldade em realizar projetos cinematográficos que, obviamente, não cabem na caixinha de idéias prontas Hollywoodianas. Ele afirma que seus filmes só passaram a ser exibidos nos EUA após John Lennon ter visto seu primeiro longa, El Topo, e passar a divulgá-lo junto dos curtas que fez com Yoko Ono.

Jodorowsky contou com a produção do italiano Claudio Argento para Santa Sangre, finalmente lançado em 1989, considerado até hoje uma obra-prima do "bizarro". Claudio estava acostumado a produzir as películas de horror do irmão, Dario Argento - conhecido como o "Hitchcock italiano". Guardadas todas as diferenças entre os diretores, é necessário dizer que o resultado de suas investidas é primordial para a sobrevivência das idéias dissonantes, mesmo entre os autores cinematográficos de verdade. Tanto Jodorowsky quanto Argento são grandes mestres do sensorial e do subconsciente. Delírio, surrealismo, medo e obsessões são as apostas de ambos, em oposição ao modismo de um cinema "híper-realista", como diria meu amigo Felipe Jordani.

Recentemente assisti também a Fando Y Lis (1968), filme de Jodorowsky baseado em peça de Fernando Arrabal. Depois dessa experiência fica difícil aplicar a palavra fantástico a qualquer outra coisa. Infantilidade, beleza, tormento e amor permeiam um universo narrativo filmado em preto e branco, provocando os sentidos e instigando a amoralidade nata de todo ser humano. Por outro lado, Suspiria, de Dario Argento explora a sensorialidade em todas as cores do pânico e do sobrenatural. Em nenhuma outra hipótese um assassinato seria bonito de ver - ou de ouvir, como na trilha composta pelo grupo de rock progressivo GOBLIN.



* acima, a personagem Lis (Fando Y Lis, 1968, A. Jodorowsky)

"Cuando llegues a Tar conocerás la eternidad y verás el pájaro que cada cien años bebe una gota de agua del oceano..."

4 comentários:

Fernando Niero disse...

adoro Jodorowski

Anônimo disse...

Rê!

Não conheço Jodorowski e confesso que, infelzimente, ando com pouca disponibilidade para descobrir essas maravilhas com todo respeito e cuidado que merecem... mas, está anotado aqui!

Beijos!
Edu

Anônimo disse...

não vi integralmente "fando y lis", apenas um trecho. mas o título lembra uma nota, um tango sincopado na inconstância. é fando, porém lis ... jodô é mais que hiper-realista, é hippie-realista.

Anônimo disse...

c caprichou nos adjetivos.
eu sempre ouvi chamarem ele simplesmente de "doidão"
bjo