Ontem, procurando por informações para um futuro livro-reportagem, encontrei uma resenha sobre um livro de Richard Gott. "Cuba, uma nova história". Não li o livro, mas a partir do texto publicado na Revista Cult, destilei meu parecer.
Discordo de alguns pontos. Não acredito que a história de Herberto Padilla seja o mais famoso ato de tirania contra os artistas cubanos "não-revolucionários" na Era Fidel. Talvez, a biografia e os vários episódios de desrespeito aos direitos humanos praticados contra Reinaldo Arenas sejam mundialmente mais conhecidos.
O próprio episódio da forçada retratação pública de Padilla é narrado também por Arenas em seu livro "Antes que Anoiteça", adaptado de forma mediana para o cinema por Julian Schnabel. No filme, Javier Bardem interpreta o escritor cubano.
Ao contrário do que escreveu Cassiano Viana na revista, Gabriel García Márquez não assinou este manifesto do Le Monde. Ou pelo menos, sua fama de Castrista incondicional não deixou que o fato fosse absorvido por Arenas - que o critica duramente em todas as oportunidades possíveis, deixando os elogios para Mario Vargas Llosa. Outra hipótese é a de que o tal abaixo-assinado do Le Monde simplesmente não tenha chegado a Arenas devido à censura.
Dicotomias e extremismos de lado, vale lembrar que Reinaldo Arenas morreu como um apátrida exilado em NYC, vítima da AIDS, sem ter tido acesso ao sistema público de saúde em Cuba, já que era um escritor homossexual anti-Castrista. Foi entusiasta da revolução num primeiro momento e sempre deixou claro que seu anti-comunismo não significava uma adesão ao capitalismo ou ao american way of life - que no fim das contas, também o excluiu.
3 comentários:
é um análogo pras polêmicas entre Camus e Sartre sobre o entorpecimento revolucionário, assim por dizer...
Viva Arenas! Mas no perca la ternura jamás!
sem querer ser da turma da punheta
blogueira , turma do confete, ou coisa assim , mas gostei do modo como vc escreve ... deslizante,
ácido e jornalistico. claaro...rs..
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