quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sobre cães e gatos

Eu e este reluzente suor pós-treino refletido até pela minha sombra nas lâmpadas públicas do bairro tropeçamos feio num buraco da calçada quando, quase com a cara no chão, me assustei com um filhote de gato & seus olhos azuis saindo do que parecia ser um cano velho da fábrica abandonada. Estávamos aparentemente a sós e trata-se, hoje, de uma noite quente. Tentei seduzi-lo, "miau-miau", minha mão tentando alcançar suas orelhinhas, mas vocês sabem: gatos inseguros são ariscos com as mulheres decididas. Foi aí que ouvi o assustador eco de um assovio que até poderia ser uma alucinação auditiva ou a vívida lembrança de um assovio do meu pai para um canarinho de gaiola em 1992 mas que, arregalando os olhos para o M de McDonald's do outro lado da rua, vinha de fato de um mendigo imundo, magro, andando de quatro com os pés descalços e uma bermuda xadrez antes de receber as lambidas apaixonadas de três cachorros de rua. Simultaneamente. Os quatro, de quatro, abanando os rabinhos na mais pura e sincera felicidade.

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