Foi um belo sábado de sol em São Paulo.
E você queria que eu fizesse o quê, uma resenhinha metida à besta sobre um filme da Mostra?
Eu assisti This Is It.
E no mundo de Michael Jackson, você abraça um amigo, escolhe uma poltrona, e viaja inquieto num poderoso mosaico artístico extra-sensório pelas câmeras distantes que o registravam como sempre foi: um corpo genial preenchendo os espaços vitais entre luz e sombra, estranheza e beleza, mágica e música.
Ponto para Kenny Ortega, que a partir de 100 horas de ensaios gravados para o acervo pessoal do cantor, dirigiu um documentário leve e honesto sobre a criação artística de um grande. O filme alterna depoimentos dos músicos, dançarinos e figurinistas do espetáculo com as performances de cada canção e a obsessão de Michael sobre cada detalhe: a nota, o passo, o efeito especial, a modernização dos arranjos -- "mais groove", ele pede --, a releitura dos vídeos clássicos. "It´s all for love: L.O.V.E."
Você nem precisa escolher. Pode passar 2 horas ao mesmo tempo rindo, cantando, dançando na poltrona, imitando o som do baixo com a boca, fazendo air guitar para os fenomenais Tommy Organ e Orianthi Panagaris, deixando o corpo tremer com o groove -- "quero mais funk" -- do baixista que obedece, batendo palmas, estalando os dedos e repetindo "puta que o pariu!, puta que o pariu!".
Bom também para se conhecer melhor. Que raio de mulher eu sou, afinal? Uma pessoa que chora aos primeiros sinais de Wanna Be Startin Something não vai aguentar 5 minutos de um trabalho de parto nessa vida.
Tem Human Nature, a dona da bola, num excelente trabalho vocal. Tem Michael se divertindo numa grua que passeia sobre o auditório. Tem vídeo de Thriller repaginado brilhantemente alá Tim Burton, e toda a graça de MJ versão gânsgter contracenando com Rita Hayworth em Gilda; direto do caldeirão das referências pops: the kitch is beautiful. Uma aranha lúdica invade o palco antes que as telas mostrem um vídeo sobre a devastação ambiental para Earth Song. E eu que achava que Earth Song parecia com abertura de olimpíada. [O Kenny Ortega já dirigiu uma].
É o fim das criancinhas em cima do palco de mãozinhas dadas e o começo das dançarinas semi-nuas fazendo pole dancing! Novos arranjos e uma bela negona a temperar a cena The Way You Make Me Feel. Tem um bloco Jackson 5 com direito a Shake Your Body, há quanto tempo! Tem uma contralto japonesa dando vida ao belo dueto I Just Can´t Stop Loving You.
Fãs vestidos a caráter, adolescentes descobridores, casais de meia idade, curiosos filhos de Deus: o cinema todo aplaude, como se estivesse no Staples Center.
E pouca coisa é tão bonita quanto um Michael Jackson, aos 50, levar ofegante, até o fim, sua performance apaixonada de Billie Jean, cheio de fúria, e dizer assim: "acho que deu pra sentir". Depois um longo fade out.
O cinema em silêncio.
E os olhinhos todos, como pequenos faróis, vidram-se na tela quando ele, nos ensaios, aponta um público imaginário e diz: "electric eyes are everywhere".
Esse mundo é cheio de gente anódina, vivendo de canapés e pose, que mal sente o sangue esquentar e sequer enxerga o mundo de olhos fechados, ouvindo música.
Em This Is It, quando você fechar os olhos, enxergará Michael Jackson dono de si.
Ponto para Kenny Ortega, que a partir de 100 horas de ensaios gravados para o acervo pessoal do cantor, dirigiu um documentário leve e honesto sobre a criação artística de um grande. O filme alterna depoimentos dos músicos, dançarinos e figurinistas do espetáculo com as performances de cada canção e a obsessão de Michael sobre cada detalhe: a nota, o passo, o efeito especial, a modernização dos arranjos -- "mais groove", ele pede --, a releitura dos vídeos clássicos. "It´s all for love: L.O.V.E."
Você nem precisa escolher. Pode passar 2 horas ao mesmo tempo rindo, cantando, dançando na poltrona, imitando o som do baixo com a boca, fazendo air guitar para os fenomenais Tommy Organ e Orianthi Panagaris, deixando o corpo tremer com o groove -- "quero mais funk" -- do baixista que obedece, batendo palmas, estalando os dedos e repetindo "puta que o pariu!, puta que o pariu!".
Bom também para se conhecer melhor. Que raio de mulher eu sou, afinal? Uma pessoa que chora aos primeiros sinais de Wanna Be Startin Something não vai aguentar 5 minutos de um trabalho de parto nessa vida.
Tem Human Nature, a dona da bola, num excelente trabalho vocal. Tem Michael se divertindo numa grua que passeia sobre o auditório. Tem vídeo de Thriller repaginado brilhantemente alá Tim Burton, e toda a graça de MJ versão gânsgter contracenando com Rita Hayworth em Gilda; direto do caldeirão das referências pops: the kitch is beautiful. Uma aranha lúdica invade o palco antes que as telas mostrem um vídeo sobre a devastação ambiental para Earth Song. E eu que achava que Earth Song parecia com abertura de olimpíada. [O Kenny Ortega já dirigiu uma].
É o fim das criancinhas em cima do palco de mãozinhas dadas e o começo das dançarinas semi-nuas fazendo pole dancing! Novos arranjos e uma bela negona a temperar a cena The Way You Make Me Feel. Tem um bloco Jackson 5 com direito a Shake Your Body, há quanto tempo! Tem uma contralto japonesa dando vida ao belo dueto I Just Can´t Stop Loving You.
Fãs vestidos a caráter, adolescentes descobridores, casais de meia idade, curiosos filhos de Deus: o cinema todo aplaude, como se estivesse no Staples Center.
E pouca coisa é tão bonita quanto um Michael Jackson, aos 50, levar ofegante, até o fim, sua performance apaixonada de Billie Jean, cheio de fúria, e dizer assim: "acho que deu pra sentir". Depois um longo fade out.
O cinema em silêncio.
E os olhinhos todos, como pequenos faróis, vidram-se na tela quando ele, nos ensaios, aponta um público imaginário e diz: "electric eyes are everywhere".
Esse mundo é cheio de gente anódina, vivendo de canapés e pose, que mal sente o sangue esquentar e sequer enxerga o mundo de olhos fechados, ouvindo música.
Em This Is It, quando você fechar os olhos, enxergará Michael Jackson dono de si.
6 comentários:
Renata, desse jeito acabo virando sua fã! E Xiita por sinal.
Daianne
Eu diria esplêndido, juntar uma boa escritora com um espetáculo impecável inevitavelmente produziria um texto maravilhoso.
Sorte nossa.
Nossa, amei o seu texto, Renata.
Bem que você disse lá no "Piso Belho", não é bem uma resenha, mais um texto, um detalhe pessoal bem descontraído.
Meus parabéns, você é uma bela de uma escritora.
Descreveu passo a passo do documentário de uma forma esplendida.
Tudo de bom! É um prazer em ler um texto seu também.
Obrigada pelo comentário que você deixou também no blog "Piso Velho".
Amei!
Seja sempre muito bem vinda e fique a vontade.
Sempre que puder, dê uma passadinha por lá.
Tenha um ótimo feriado para você, querida!
Bjaum!
;D
Caraca, asssim também é covardia.
Agora eu também vou ver esse filme.
Great, post! Deu vontade de ver.
Ai... me emocionei de novo com o texto (depois de tanto me emocionar no filme)... O que eu acho foda eh que eu me sentia como o UNICO fa do MJ no mundo, tenho quase todos os vinis, todos os CDs e depois que ele se foi, todo mundo AMA. Mas que seja assim... LINDO LINDO LINDO TEXTO!
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