terça-feira, 22 de setembro de 2009

Hora da saída

"Manokú, viado! [buf...buf...buf....] Seu filho-da-puta! Cuzão do caraio! [buf...buf...] Porra!", grita solitário o menino moreno, magrelo & suado, batendo os pés com toda força nas poças d´água suja, desafiando o oponente de uniforme surrado que caminha devagar pela calçada estreita, do outro lado da rua.

É primavera no limite norte de São Paulo.

As meninas caminham em bandos de meia dúzia, gargalhando em voz alta. Futuras grandes matronas pardas, de bochechas ruborizadas e cabelos crespos amarrados em fitas rosa-choque. Uma delas derruba um fichário. As outras reagem em bando, "Êêêê, Marcelá!"; quando já dá pra ver as camisetas amarradas, improvisando a sedução pelo nó acima do umbigo.

Lindos homens e mulheres do futuro, correndo riscos e farejando limites pelos códigos sociais do antigo bairro.

E durante o dia todo só se viu no céu uma pequena fenda de sol.

3 comentários:

fellini disse...

um rastro de R. Piva vi nas tuas letras, nosso poeta xamanico e guardiã da fodas peversas, seja como for gostei do blog moça e da tua verve lancinante, afinal como disse nosso canibal-mor..só a antropofagia nos une...

abraços?
fellini ?

t desejo sonos baixos!!

fellini disse...

um rastro de R. Piva vi nas tuas letras, nosso poeta xamanico e guardiã da fodas peversas, seja como for gostei do blog moça e da tua verve lancinante, afinal como disse nosso canibal-mor..só a antropofagia nos une...

abraços?
fellini ?

t desejo sonos baixos!!

http://www.blig.ig.com.br/serabenedito

Mary disse...

Cada um com sua referência, o tom saudosista amargurado tá mais pra Graciliano Ramos pra mim... É que não dá pra não reparar na ironia da visão futurista das crianças da ZN. Poxa, os hippies eram mais romanticos, idiotas, mas romanticos. A juventude de agora e tao vazia e massificada, me doi constatar. Quero um mundo netuniano! Bjocas!