domingo, 28 de outubro de 2007

Gabriel Garcia Bernal

Faço parte do excêntrico hall de pessoas que confudem os nomes de Gael Garcia Bernal & Gabriel García Márquez.

Tipo assim: tá muito gostoso aquele Gabriel Garcia Márquez no filme do Almodóvar. Baita bocona carnuda!

Sacou?

Björk Gudmundsdottir

À mesa de um tradicional bar do Bixiga, estudantes de jornalismo falam pelos cotevelos:

"Não vem com essa de Sugarcubes. Aquela mulher se vestiu de pato e foi se apresentar no Oscar, Renata. E ela grita. Não dá!" - Gustavo Simon, às 2 da manhã.

Na madrugada de sábado, R. D´Elia & Andressa Z. conversam amenidades no MSN:

R.D.: - Amanhã vou ao show da Björk.
A.Z.: - Eu não acredito que você gosta daquela mulher. Ela pôs um ovo, Renata. UM OVO!
R.D.: - hahahahahahahahahahahaha
A.Z.: - Só me falta você falar que gostou daquele filme medonho...
R.D.: - O que ela fez com o Lars Von Trier?
A.Z.: - Eu torcia pra ela morrer, aquela desgraçada!
R.D.: - ... ... ... ...
A.Z.: - Se você disser que aquilo é bom eu me taco pela janela!
R.D.: - Calma! Péra! Se acalma... me deixa explicar...

Em todo caso, fica aqui o vídeo do Sugarcubes, a banda que revelou Björk ao mundo ainda nos anos 80. "Birthday", a mais bonita. No reunion concert de Reykjavik, ano passado.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Top 10 lovesongs - 60´s

Continuando a saga das listas, sigo imersa até a cintura em certa pieguice - coisa que não perdôo nem em Neruda. Mas pelo menos ando evitando o extremo do kitsch.

Pensando bem, tudo isso é compreensível. Justificável. Perdoável. Um sorrisinho afinal, para quem carrega bexigas de gás em formato de coração no meio de um shopping center.

1) Beach Boys - "God Only Knows"
Na sinceridade mesmo. E uma coragem daquelas.
I may not always love you but long as there are stars above you. You never need to doubt it, I´ll make you so sure about it. God only knows what I´d be without you. If you should ever leave me, though life would still go on, believe me. The world could show nothing to me. So what good would living do me. God only knows what I´d be without you.

2) The Turtles - "So Happy Together"
Imagine how the world could be so very fine, so happy together.

3) Burt Bacharach - "Baby, It´s You"
Bom é ouvi-la mais despojada, com Patti Smith,já nos 70. Feita para ouvir bem alto, no fone de ouvido, subindo os morros da Vila Madalena numa segunda à tarde com destino a uma galeria de arte. 5 Reais no bolso e 50 fotos de Robert Mapplethorpe. And love is still in the air.

4)Chris Montez - "Call Me"
Call me, don´t be afraid you can call me, maybe it´s late but just call me. Tell me and I´ll be around you. Som de propaganda pró-sexo com camisinha, grande MTV Brasil! Canção daquele disco velho e amarelado, que a gente guarda embaixo da vitrola, no quartinho das bagunças.

5) The Doors - "Touch Me"
Poesia beat ou "neo-beat"? Psicodelia? Nada disso importa: tem um negão alucinado no saxofone, atrás de James Douglas Morrison e eles estão ao vivo na TV aberta.

6)The Rolling Stones - "Play With Fire"
Bela gravação de "Out of Our Heads" [foto], mesmo sem grandes arroubos blueseiros de Richards. A singeleza jaggeriana, vale a conferência.

7)Elvis Presley - "Suspicious Minds"
Elvis Presley estava de volta do exército em 1968. No ano seguinte, tocou Suspiscious Minds pela primeira vez e lançou o disco "From Memphis To Vegas". Vale também a versão acima, com Fine Young Cannibals, mas nada tão emblemático quanto a original.

8) Francis Lai - "Un Homme Et Une Femme"
Em "Um Homem, Uma Mulher", Claude Lelouch filmou a história de um casal maduro. Ele(Jean Louis Trintignant), um piloto de corridas. Ela (Anouk Aimée), uma professora divorciada, com filhos pequenos. A trilha sonora é uma bossa-nova francesa com homenagens a Caymi, Vinicius, João Gilberto, Tom & companhia limitada. Foi composta por Francis Lai e com Pierre Barouh em algumas faixas. Saravah!

9)Led Zeppelin - "Babe I´m Gonna Leave You"
Estou dormindo na pia pra quem acha Zeppelin brega. Sabe o Led, "aquela banda americana" (sic), como diria Caetano? Pois bem: com peruca & careta de Jimmy Page, ainda estou com eles. É assim que se acorda a vizinhança.

10) Lou Reed - "Pale BLue Eyes"
Right after Nico, there was Lou Reed in 68. There were those thin lips like mine. One of my favourite pisces zodiac sign member. Em 95, aqui no Brasil, estava Marisa Monte gravando "Pale Blues Eyes" em seu melhor disco até agora, "Verde Anil Azul Amarelo Cor de Rosa e Carvão". Além dos habituais Gilberto Gil e Paulinho da Viola, e de uma poesia decente de Arnaldo Antunes, o disco tem participação de dois grandes gênios gringos - falo mais qualquer dia desses: Laurie Anderson, a voz de "Meanwhile", de David Bowie; e o maestro Philip Glass em "Ao Meu Redor". Corre atrás aí, se já não tiver no acervo.

sábado, 20 de outubro de 2007

Top 10 lovesongs - 50´s

O jazz, o blues e a bossa. Algum samba pra não dizer que desprezo a pátria.

Começa aqui uma pequena série que separa por décadas as favoritas da tia nos momentos de blue mood ou deep emotions. A linha fina entre o cafona e o profundo. No céu e na lama. Exaltações e passarinhos verdes. Epifanias sobre a dor-de-cotovelo. Momentos "te amo, porra!". E ainda a metafísica e várias putarias das grossas.(Um mix de Peréio com Hilda Hilst). Como dândis ou num vai-e-vem frenético. Fica a gosto do freguês. Aqui vale tudo, desde que tenha muito amor (mas muito amor mesmo).

O que interessa é a década de composição, com espaço para certas versões posteriores.

Agora façam suas apostas, dêem os bracinhos a torcer e soltem a franga chorona que habita esses coraçõezinhos apaixonados. Que coisinha mais fofa!

1) Thelonious Monk - "Ruby, My Dear"
Qualquer nota e qualquer pausa de Monk, sempre. E um mantra delirante para "my dear". Melhor na versão com Charlie Rouse. (Sorry virtuoses, dessa vez não deu para Coltrane).

2) Miles Davis - "It Never Entered My Mind"
Danço abraçada com Richard Gere na varanda de um apartamento com vista para Manhattan. De repetente, abro os olhos. And still wonder why the hell it never entered my mind.

3)Ray Charles - "I Wonder Who´s Kissing Her Now"
A singeleza da possessividade. Ciúme com classe.

4) Sarah Vaughan - "My Funny Valantine"
Quando Sarah canta a dor de Chet. Existe uma gravação dela nos anos 70promovendo o transe no Anhembi, em São Paulo. Pertence ao acervo da TV Cultura. Desde os anos 90, nunca mais assisti. Também nunca mais esqueci. Não achei na internet versão que se compare.

5) Chet Baker[foto] - "Let´s Get Lost"
Let’s defrost in a romantic mist
Let’s get crossed off everybody’s list
To celebrate this night we found each other, mmmm, let’s get lost


6) Bola de Nieve - "Ay, amor"
Verdadeira pérola do cancioneiro cubano. Eis uma choradeira clássica, sem medo da lama. E com belas pianadas. Lección 10, livro 3, vamos a la la clase de Español. Grande Almodóvar!

7) Adoniran Barbosa - "Iracema"
(Eu moro em Jaçanã). Prefiro a versão cantada por Clara NUnes, mas aqui vale o espírito bebum da Elis, num boteco do Bixigão.

8) Astrud Gilberto (João Gilberto) - "Corcovado"
Existe uma versão gravada em português pelo Everything But The Girl, uns quarenta anos depois, ainda não disponível no Youtube. Qualquer dia conto a história dela. Até lá tento encontrar o vídeo e postar para apreciação.

9) Ella Fiztgerald - "Dindi"
A melhor versão do clássico de Jobim, pra mim, foi gravada por Ella - a mais sorridente das divas.

10) Edith Piaf - "Ne me quitte pas"
Embora na versão de Maysa, menos escandalosa, a súplica me soe mais verdadeira.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

a troca

procure ser nuvem. ou chuva

procure por mim. ou chova

garoa & relâmpagos

de novo, outra vez

prá sempre

mágica

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Paulo Autran



Como Porfirio Diaz, no filme Terra em Transe(1968).

Os extremistas criaram a mística do povo, mas o povo não vale nada.O povo é cego e vingativo. Se derem olhos ao povo, o que fará o povo? (O cano do revólver na mão de Diaz se apóia na testa de Paulo Martins).*

*Trecho do roteiro da memorável cena entre Paulo Autran e Jardel Filho (Paulo Martins), na obra-prima de Glauber Rocha.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

É essa a sua revolução?

"Em Havana, nos últimos meses, começou a aparecer um estranho e asqueroso fenômeno, entre grupos de jovens e gente não tão jovem assim. Eles começaram a exibir, em atos vergonhosos, uma vida cheia de modos extravagantes, encontrando-se uns com os outros na área de La Rampa, sentido oposto ao the Capri Hotel".

Fidel Castro, em discurso nos anos 60.

"Reinaldo, muitas vezes, aqui em Cuba, teve a intenção de suicidar- se. Levou sua vida com rebeldia o mais longe que conseguiu, mas no fim se suicidou [durante o estágio terminal de Aids]. De alguma forma, sua vida inteira foi um grande e maravilhoso ato de suicídio".

Ingrid González, atriz cubana, sobre o escritor Reinaldo Arenas, perseguido, preso e torturado pelo regime de Fidel Castro entre os anos 60 e 80.

"Meu nome agora, nesse momento é Reinaldo Arenas. Sou um escritor cubano, exilado em Nova Iorque. Me dedico a viver e a sobreviver. Sou um chamado "dissidente", em todos os sentidos, porque não tenho religião, sou homossexual, e ao mesmo tempo sou anti-Castrista. Ou seja, reúno todas as características para jamais ver um livro meu publicado, e para viver às margens de qualquer sociedade, em qualquer lugar do mundo".

Reinaldo Arenas, 1989. Poeta e romancista perseguido, expulso de Cuba e condenado ao exílio em 1980, foi preso e mantido condições desumanas, além de trabalhar como escravo em campos agrícolas, sem acesso ao fantástico-democrático-eficientíssimo sistema de saúde público cubano. Teve a sua autobiografia "Antes que anoiteça" adaptada para o cinema em 2001, com o espanhol Javier Barden no papel principal. Direção de Julian Schnabel. A tradução do título foi feita erroneamente no Brasil como "Antes do Anoitecer".

Voluntad de vivir manifestandose"


Ahora me comen.
Ahora siento cómo suben y me tiran de las uñas.
Oigo su roer llegarme hasta los testículos.
Tierra, me echan tierra.
Bailan, bailan sobre este montón de tierra
y piedra
que me cubre.
Me aplastan y vituperan
repitiendo no sé qué aberrante resolución que me atañe.
Me han sepultado.
Han danzado sobre mí.
Han apisonado bien el suelo.
Se han ido, se han ido dejándome bien muerto y enterrado.
Este es mi momento.

Reinaldo Arenas

(Prisión del morro. La Habana, 1975)

* aspas retiradas do documentário "Seres Extravagantes", de Manuel Zayas.

sábado, 6 de outubro de 2007

Heaven knows this is a heartland

"This is a song Charles Manson stole from the Beatles. We´re stealing it back", narração em off, por Paul Hewson. Um plano em preto & branco se abre, com a câmera em travelling. Talvez a maneira mais bonita de começar um documentário de rock. Pelo menos a mais bela que já vi. Aparecem no palco The Edge, Bono, Adam Clayton & Larry Mullen Jr - os irlandeses na América, rasgando ao vivo, uma versão de "Helter Skelter", dos Beatles. Este é RATTLE AND HUM (1988), de U2, dirigido por Phil Jouanou.



Bono & BB King, que também participa do álbum/documentário, na Lovetown Tour (1989)

HEARTLAND - U2 (na terra de Elvis, em Rattle and Hum)

See the sun rise over her skin
Don't change it
See the sun rise over her skin
Dawn changes everything
Everything
And the delta sun
Burns bright and violet

Mississippi and the cotton wool heat
Sixty-six a highway speaks
Of deserts dry
Of cool green valleys
Gold and silver veins
Of the shining cities

In this heartland
In this heartland soil
In this heartland
Heaven knows this is a heartland
Heartland...heartland

See the sun rise over her skin
She feels like water in my hand
Freeway like a river cuts through this land
Into the side of love
Like a burning spear
And the poison rain
Brings a flood of fear
Through the ghost-ranch hills
Death valley waters
In the towers of steel
Belief goes on and on

In this heartland
In this heartland soil
In this heartland
Heaven knows this is a heartland
Heartland...heaven knows this is a heartland
Heartland...heartland
Heartland...heaven's day here in the heartland
Heart...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Pequenos causos

Eu carrego estrelinhas cintilantes nas mangas, como cartas de bom jogador. Enquanto isso, Paula Dume espalha flores e cores pelas esquinas, nos avessos do cinza, onde a gente teima em habitar. And I love when it all happens.

Camila Hungria sempre disse que não adiantava quebrar a cabeça. Estava tudo à nossa frente. Um dia molhei a ponta do nariz na espuma do chopp escuro. Depois ela sorriu e reiterou "tia, viu só como era simples desde o princípio?"

Há três semanas, a fotógrafa Veridiana M. foi fotografada ao lado de um manequim da Richard´s. Ninguém acredita, mas é verdade. Roots!

Meu irmão Guilherme marca o gol decisivo do torneio de futebol dente-de-leite, na manhã de domingo. De longe, meu pai grita: "não falei que era teu, lindão?". Babi D´Elia gargalha e engasga com a Fanta Laranja. Ela lembra a irmã mais velha, mas faz covinhas quando sorri.